Estávamos em férias ... continuação 10a. carta "Ele abriu os olhos"
O Róger abriu os olhos! Imaginem a nossa alegria quando a equipe nos falou que o Róger abriu os olhos quando saiu de maca para a sala de hiperbárica.
Ele abria um olhão! olhos parados! Ainda não se mexiam! Começou a abrir os olhos na UTI, quando saia para hiperbárica, que era em outro andar. Depois que voltava da câmara hiperbárica dormia muito e passava bem, os espasmos melhoravam. Cada dia ele estava melhor clinicamente.
Nessa fase iniciou uso de órteses nas mãos e pés para proteger articulações, músculos. O uso das órteses impede o desenvolvimento de pés eqüinos e inúmeros outros problemas que eu nem saberia relatar. As órteses deixavam marcas de pressão e o tempo de uso tinha que ser rigorosamente monitorado: precisavam ser retiradas e recolocadas de 2/2horas. A força dele era imensa e o resultado dessa força aparecia nas marcas na pele. Nesse hospital essa tarefa era de competência do fisioterapeuta.
E o neurocirurgião chegou e falou: “vamos dar alta para o Róger e transferi-lo para a semi-uti, no 9º andar? E então nos explicou que o Róger estava necessitando de menos cuidados intensivos. A decisão de sair da UTI era para proteger ainda o Róger, deixá-lo o mais longe possível de outras doenças, vírus, a temida infecção hospitalar... A gente agora iria ficar dia e noite com ele, com apoio dos técnicos de enfermagem e equipe da semi-uti.
O 11º. andar representava a segurança da vida do Róger. Havia a equipe preparada para monitorar tudo, um técnico de enfermagem para cada dois pacientes. A rotina dia e noite estava voltada para salvar vidas. Assim, a equipe previa, analisava, agia. Resultados interpretados, decisão tomada e as ações executadas. A alta do Róger significava que a meta deles foi alcançada.
E agora??...??? Ai meu Deus!!!! Sair dessa segurança? A gente não sabia o que significava quando o Róger não estava bem. Quando a gente estava dentro da UTI qualquer alarme sonoro, luminoso sempre havia uma pessoa por perto, que explicava, arrumava ou suspendia a visita. A gente entrava no horário de visitas, se tivesse tudo bem, com o Róger e os demais pacientes. Caso contrário, as visitas eram suspensas.
Vocês acreditam que eu senti medo? Ao mesmo tempo que isso significava uma melhora clinica espetacular do Róger causou-nos alegria... e medo da responsabilidade? ... sensação de desconforto, de que?... angústia?
Seria só mais um desafio nessa jornada, que estava começando. O Róger estava hospitalizado há cerca de 60 dias. E os médicos esperaram alguns dias para ter vaga na semi-uti.
E lá fomos nos para o 9º. andar!