CADERNOS DE HAIDIAN - 2

2 de Setembro de 2012

Dia sem sol. As nuvens pardacentas traziam à tona uma memória de uma das películas de Doonie Yen. A única muralha que eu tinha à frente era a moeda. Ainda não pude cambiar os meus poucos dólares. A minha primeira refeição na China: um restaurante recomendável aos “aliens”. Pedimos (eu, duas mulheres do Botsuana e o Jhoshua, um genuíno) cada um prato de massa chinesa. As empregadas não falavam inglês. O bom do Jhoshua (nome ocidental) serviu de intérprete. Quando finalmente consegui contactar-me com Moçambique, o meu coração disparatou-se: foi uma alegria ouvir a voz da Glória Muiambo dizer “… liga mais tarde”. Senti-me em casa.

Não me apeteceu sair. Fiquei no quarto! Senti a indispensabilidade de fazer algo e peguei numa A4 e um lápis. Foquei-me na primeira foto que me piscou o olho. Em vão, há muito tempo que eu não desenhava. Discuti política internacional com um bom zimbabueano pró-Mugabe. Ele não me quis ouvir, “Mugabe é um herói!”. O dia terminou mais cedo…