Carta introdução

A cada formosa escuridão do céu à noite e a transmissão do brilho estelar em anos-luz em direção aos meus olhos dormentes e escassos dos teus olhos. Que pretensão fria e/ou fulminante nos espera coincidentemente empregadas em nossas tarefas mórbidas e humanas? Tão somente o meu espírito, limpo, quanto à inocência do toque, mas pesado pela ação desejável que tenho sobre tua carne sórdida, de alma sórdida irrespirável por aqueles providos de sanidade e adeptos a vida crua. Quão infelicidade... Não sentistes nem de longe o meu vento soprador do teu vento despido, mas ainda assim afoito como sempre fores e como sempre irei custar a crer. Dependestes de mim, oh vaga rouquidão das nuvens, em tempos que lacrimejava terra e suspirava sanguinariamente. Pois roubavam-te vestígios próprios tão indiscretamente, tão com tua autoridade. Minha vértebra diria se tua posição fosses de ouvir, porém, o dia aparecerá mais curto, provavelmente saltará pela janela e correndo ide encontro a curtas palavras que estivera todo tempo esperançosas. Algumas refletidas em espelhos como estou agora refletida pela luz de móveis escuros e entendidos de mim, talvez mais que a mim, e outrem que ainda não lançou-se para junto a esta carta introdução.

Infernozo grão do carma; do mal súbito que prende as minhas veias e rouba a minha mobilidade. Tão destrutivamente avançaste e encobrira de nevoa minha já breve noção de vida e dor, já contida pelo abraço das profundezas do meu corpo em si...

Então, pela vida viveres; de amor morreres, e morreres porque tua angustia chegara até mim. E a jornada de minha tórrida saudade não alcançara teus sapatos nem subira a teus poros ou se quer ousou ficar de pé, pois amargara tal vulnerabilidade de quem por si concebestes a verdade que então agora venha a ser mentira. E apartir deste silêncio tu saberás que o sentido da morte é morrer, mas morrer de forma que tu queira e deseja. Não o que outrem impõe para que tu devas. Daí, nada é relativo.

Sentirei meus músculos fracos mesmo no auge de fortes pensamentos assolados pela honestidade de uma simples relva; pelo pulsar congelante de meu sistema nervoso central apavorando minhas mãos. Devotarei as minhas asas e os últimos segundos de consciência de minha fervorosa pela rústico-sombria a teu tentável perfil claro, inconsistente, transbordável em tua singela face comandada por esse olhar rasteiro, arquiteto e oportunista. Oh francos fios de meu negro cabelo seco, essas brancas folhas em meu caderno de cor exalam a doçura da palavra; o som do nobre sentimentalismo não idealista, contudo, belo como tal. Estivera presente no frio em dias chuvosos, então, acobertou-me como pode. Lembrou-me de tua clássica veste; de teu riso pouco ingênuo e de como definia as aparências de teu dinamismo, por vezes, nos fazendo crédulos insanos. Sou mar de rosas e este néctar floresce de tão límpidas águas, na qual nascente, é definitivamente o pulsar de meu pobre coração-estátua movimentada por imaginações férteis inconscientemente ou não. Sois meu sonho e pesadelo, pois maravilhadas sentem-se minhas entranhas no ápice de tua respiração, mesmo retratada simbolicamente apenas para suprir-me a necessidade real de ter meus ossos fortificados por tu, que és meu cálcio; triste abordagem das manhãs sobre meus lençóis desconhecidos de mim quando a claridade ciente alcança meu rascunho, mas não ver-te aqui. Descontenta-se a regência de minh’aura.

Quem me dera a morte poética para comover-te de culpa interior quando todo o meu sistema estivera presente em tua mala de impulsos; em tua língua molhada com minúsculos seres objetivos e em tua unha saudável, assim, acomodando minha ainda tímida atração. Vão destino de intensas marcas, lisonjeado sentem-se estes meus lábios ao pronunciar teu nome em minha boca expressa a sede. És vaidosa como o amor mais puro dos contos de meus livros de contos. Peço-te solidariamente a consolação de meus pulsos e poros abertos; deste som do nada que atravessa meus tímpanos dando, assim, o reconhecimento a este meu cérebro de logos palpáveis que cominara nesta parede de lombrigas incertas sob meus pés. Costumo falar-me independente das horas e do suporte que meu sangue oferece para o descanso de minha circulação, impulsionando minhas duvidas, como um individuo num manicômio preso ao comportamento livre de sua sensatez embaixo de uma camisa de força. Hão de bestificar-me mais e mais tua calma e tua fúria. Até o fim de meus dias e o derretimento de minha glândula sebácea, sentarei e pedirei, ainda que desolada o teu resto de humor para mim; o teu pecado mais direito, e a poeira de meus pés não mais se importará com julgamentos, precipícios ou absolvições. Estará a salvo muito além de harpas tocantes e profundezas de caráter original, pois caminhará em tua direção, ainda que imperceptível, no saber de tua vivencia ou na fé daquilo que viria a ser meu ceticismo. Mas céticos também amam, morre ou vive! Tua forma resplandece como o fogo que queima e corroe teus ossos, quando em comunhão exprime tua música e tange teus males, que nunca abandonara de verdade.

Beije-me por um milésimo de segundo e descobrirei o teu lado mais e menos confortável perante o meu sublime-jugo amor. É imperante em mim a vontade de puxar-te o braço e tomar-te a sombra para que, assim, presentei-me com a graça de teu som vocal pedindo-me algo que possa pronunciar. Parece atiçar cada membro em minha lógica destinada a impregnação de tuas vestes; a reposição de teu colo à virgindade... Nossas vertigens sentiram algo em comum, mais que o teu verde amigo praticando o ato companheirismo num ritmo que deixara-me apreensiva em meio a tua provocação complexada. E nunca realmente esteve tão próximo quanto duas tarântulas de uma mesma espécie.

Bem abrigadas estão as folhas que caem em tua direção, pois há a intensa probabilidade de serem tocadas por tuas mãos fingidas do destemo. Desejante torno a observar e, observante, noto que purificadas sentem-se as coisas quando apontadas por teu olhar falante; por tua sina a pluralidade, mesmo quando irrelevante. Arrepia-me o sinal de paz nos dedos e comove cada uma de minhas filosofias empregadas a este sentido. Tens como fé o valor de tua 'peça íntima', mas tua 'nudez' é o símbolo da ridicularidade de teu cérebro que consiste em fazer-me controvérsia como se fosse saudável à minha moralidade a tua pressão, ainda que inocente, no mais alto nível que se possa compreender.

Quando procurar-me a meia-noite eu estarei certa, mas ainda errada: eu vou querer a sua mão sobre mim e desejar o seu pescoço fresco como um sugador de sangue de histórias assombrosas. Cravarei as minhas unhas naquilo que denominas de amor passivo, e o seu caldo cairá sobre meus olhos, e ele verá além de minhas córneas indiscretas e mais que a nevoa da ansiedade. Perguntarei ao meu juízo, caso reste-me algum, se este majestoso e célebre instante está caído em sonhos ou atravessado em nossa realidade guilhotina que depura o meu ar, e em treva, rompe meus pulmões; Se esta natureza carnívoro-canibalesca de nossas vontades tendo o puro prazer de alimentar-nos de nossos próprios vermes audaciosos para sugar até a última gota de cada uma de minhas frialdades, pois a tua já não se fazem de tanta questão, hão de me ser corajosas e sinceras o suficiente e aplacar-me de vez os átomos do oxigênio...

Então, a ti e somente a ti, dedico-lhes estes meus primeiros e Míseros Versos.

CRISTINA, Lidiane. Assú, 06 de Abril de 2009