A UMA MULHER

Volta, mulher, a escrever-te, mulher, no teu canto que não é no Recanto; volta também para o outro lugar que sabes, que também não é aqui no Recanto. Eu, sozinha, não posso fazer, sozinha, o trabalho de conforto que só nós duas sabemos e para quem sabemos. Volta, que eu não posso ser feliz, (feliz sem sonho nenhum, que seja, feliz dentro dos limites todos que a vida me impôs e sempre me impõe,em sempre novos desafios de renúncia) e nem ter alguma paz, se de algum modo não voltares para ti, com alguma paz dentro de ti, mulher. Volta, para dares o testemunho do teu amor e da tua fidelidade, que o meu natural ciúme, sempre transmutado, todos os dias, por mim e em mim, nunca te quis causar mal algum e tu o sabes, no mais fundo de ti. Volta, eu te peço, em nome do teu próprio amor e também em nome de um Amor maior, que sabes existir também em mim, e se não o sabes, que o saibas agora.

Eu sei que, de onde estás me vens ler, aqui, onde planto minhas escritas; aqui vens buscar-me, neste Recanto bendito, onde planto o possível da minha paz, da minha luz, onde planto o Afeto fundo que me vai por dentro, o Afeto meu aos meus bem-amados amigos, graças ao Poder Restaurador do Deus e da Sagrada Mãe.

Perdoa-me, amiga, eu não o sabia, nunca o soube, nem ele o soube, nem tu, nem ela, nem ninguém. Só um destino estranho, espantoso, nos soube, desde sempre e, talvez, jamais saibamos em que tempo, em que século, em que milênio, todo esse nosso estranho destino começou. Eu, a meu modo, permaneço sempre fiel a todos nós, a cada um de nós. Mesmo que te seja difícil, mesmo impossível compreendê-lo, é assim em mim e também para mim é muito, muito difícil reempreender tal transmutação diária, dia após dia, há uma vida já.

Perdoa-me se te mando um abraço, minha irmã por destino. Permites-me enviar-te um abraço meu? Permites-me pedir pela Paz de todos nós em minhas orações?

No início da tarde de 06 de setembro de 2012.