Estávamos em férias ... continuação 2a. carta

Tudo isso passou em um instante e de repente voltei a ouvir as vozes do meu filho gritando pelo irmão. Nessa hora senti medo, desespero, nem sei o que senti. Corri para o outro lado e ouvi meu filho dizer para o irmão – agüenta firme Róger.

Ai meu Deus! Meu filho Róger estava muito machucado e abaixei-me ao lado do carro para falar com ele. E então eu entendi, os roncos que eu tinha escutado não eram do meu marido que estava no banco do carro preso ao cinto e machucado. Eram do meu filho embaixo do carro.

Ai meu Deus! Meu filho Róger estava embaixo do carro. Que dor! Eu não podia fazer nada. Levantei-me e conversei novamente com meu marido. Acalmando-o. Ele estava imóvel. Ferido, o sangue escorria pelo rosto e a dor deixou-o pálido. Ele me perguntou – o que houve? Eu falei – sofremos um acidente – fique calmo. Aguente firme.

Ajoelhei diante do meu filho e orei. Pedi a Nossa Senhora que o cobrisse com seu manto. Implorei. Implorei.

Havia muita gente ao redor, mas ninguém fazia nada. Ouvi meu filho gritar, para alguém trazer um macaco para levantar o carro. E ninguém se movia. Ele gritava, eu gritava pedindo um macaco e uma pessoa trouxe um, tentou encaixar, mas era pequeno e não agüentaria.

Pedi para as pessoas ao redor tentarem levantar o carro para liberar o meu filho e ninguém se movia. Apenas olhavam. Apareceu uma enfermeira e me pediu permissão para examinar meu filho. Ela estava colocando luvas e eu agradeci. Uma ajuda chegando. Obrigada meu Deus. Ela examinou os sinais vitais e ficou quieta. Meu coração entendeu. Era muito grave. Ajoelhei-me novamente e chamei novamente por Nossa Senhora.

Levantei feito uma leoa protegendo seu filhote e fui para o meio da pista. Os carros passavam lentamente, e nem sei como parei um caminhão batendo na lateral com as duas mãos. Tamanho era meu desespero para conseguir um macaco hidráulico para levantar a camionete. O camioneiro parou e tentou ajudar.

Minha indignação era enorme com aquelas pessoas paradas, parece que apreciando um espetáculo. Chegou um menino com uma câmera fotográfica e tentou tirar uma foto. Aquilo me revoltou. Olhei firme para ele e pedi por favor, não. Ele guardou a câmera e eu agradeci.

A minha vontade era que todos sumissem dali. Quem não ajuda, não atrapalha. Mas eles ficavam ali parados. Lembrei-me do Yuri, e levantei-me para olhá-lo. Estava com muita dor. As mulheres ainda o protegiam do sol com as toalhas.

Meu filho Renan - lembrei-me de ver como ele estava. Parecia bem. Eu e ele não tínhamos nos machucado. Olhei novamente meu marido e estava inerte, respirando forte. Tinha batido a cabeça e não parecia muito bem. Conversei novamente com ele e me voltei para o Róger. Ajoelhei-me novamente, implorando a misericórdia de Jesus e a atenção de Nossa Senhora.

Estava sem noção de tempo. Parecia uma eternidade e ao mesmo tempo um vendaval. Enquanto Renan buscava ajuda, chegou um rapaz e nos acalmou – fiquem tranqüilos, meu pai é motorista de ambulância e já está vindo para cá. Obrigada, meu Deus, por ter colocado essa pessoa no nosso caminho.

Parece que tudo aconteceu ao mesmo tempo, a chegada da ambulância e de um macaco hidráulico. Rapidamente levantaram o carro e acomodaram o Róger na maca. Nesse instante enxerguei minha bolsa no asfalto. Corri e peguei e entrei na ambulância acompanhando o Róger.

Rosa Destefani
Enviado por Rosa Destefani em 04/09/2012
Reeditado em 04/09/2012
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