Um dia incomum
Um dia atípico. Pela primeira vez me vi sem toda aquela pressa. Andar mais calmo. Sereno. Tranquilo. Pensamento longe. Pequenos passos. Lágrimas escorrendo. Maior atenção à todas as músicas que tocavam. Naquela avenida os carros passavam por mim na mesma medida em que algumas pessoas cruzavam meu caminho. No momento em que, quem eu tanto queria, continuava longe de mim. Aquele ser que sem querer me conquistou. Sem uma razão que fosse. Fazendo começar mais uma tortura. Mais uma vez o dilema de quem ouvir. A razão, cansada de pensar e tentar me aconselhar, ou o coração. Esse calejado coração que não consegue encontrar quem o aceite. Quem faça dele sua moradia definitiva. Na verdade, cansado de buscar outro coração para poder compartilhar esse turbilhão de sentimentos que o invade. Que o faz prisioneiro dele mesmo. Sem saber se algum dia conseguirá se libertar dessa prisão construída e alimentada durante tantos anos. Essa carcaça de força que poucos conseguem ver que não existe. Nunca existiu. Momentos! É o que mais tenho vivido. De grande alegria, de nostalgia, da mais intensa tristeza. Melancolia. Eu queria apenas que os momentos felizes fossem mais constantes. Mas um coração que tanto ama e não consegue despertar o amor na mesma medida, inevitavelmente nos trai. E aí caímos na maior armadilha da vida. O amor não correspondido. Simplesmente ignorado...