Saudades de Geraldo Malcate.

Tio Geraldo Malcate, carinhosamente chamado por mim e por algumas outras pessoas por Gê, Gerald, Malcate ou Geraldo Dentista esta foi a forma mais conhecida aqui em nossa região. Acho que ele gostava mesmo era da forma carinhosa que eu o chamava (nada imparcial minha opinião). Ai daquele que o chamasse de Tio sem ser seu sobrinho. Certa feita, uma amiga chamada Alessandra, muito espalhafatosa e carismática, mal o conheceu e já estava o chamando de Tio por me ouvir chamá-lo assim; Não deu outra, em dois tempos lá estava ele dizendo sem pestanejar que não havia motivo algum para ser chamado por ela daquela forma. Samanta Gabriela é filha de uma amiga nossa, que tem por ele até os dias de hoje uma consideração de filha, e ele sempre teve um amor de pai por ela, mas mesmo assim era chamado por ela pelo seu nome. Somente aos sobrinhos de fato e de direito eram reservado o direito de chamá-lo de Tio, e assim foi com os filhos, netos, e todos os entes queridos. Felizmente pude demonstrar a ele todo meu carinho e admiração enquanto viveu, até mesmo confidenciar a enorme irritação que sentia pelo seu jeito metódico de ser, que com o passar do tempo e com inúmeros argumentos foram deixando de ter aquele extremo valor que ele insistia em manter, mas houve algumas manias que nem com todos argumentos do mundo eu conseguiria o convencer a mudar. Tenho saudades das nossas longas conversas ao telefone, dos e-mails que trocávamos, dos papos pelo MSN, me lembro bem de sua indignação dizendo que os internautas estavam prostituindo a língua portuguesa, isso ocorria quando eu reclamava de sua demora ao teclar, não se adaptou nem por um segundo a forma abreviada e errônea dos internautas digitarem, por muitas vezes se mostrou perplexo com tamanha regressão. Sou grata a Deus por ter permitido a mim dividir diversos momentos importantes de minha vida com este pequeno grande homem. Tive o privilégio de ser não só sua sobrinha de fato e de direito, como também sua amiga, sua filha, sua confidente, sua ouvinte, sua enfermeira, sua paciente. Me lembro bem de sua emoção ao me levar ao altar mesmo não concordando com aquele teatro todo, (que era bem assim que ele julgava ser o casamento religioso). Dançamos juntos, viajamos juntos, atendia a quase todos os meus convites, irmos à igreja, andarmos de moto, irmos ao cinema, ao teatro, até para acampar o levei, mas deixou claro que foi a primeira e única vez que me acompanharia para programas de índio segundo ele. São inúmeras lembranças, tivemos momentos tristes também, com a perda da vovó, perda de alguns outros entes queridos, doenças, sofrimentos. Nas nossas conversar, confidenciávamos sobre alguns problemas, e por alguns minutos o percebia triste, mas como ele mesmo dizia, a tristeza merecem no máximo uma semana de dedicação, e nem um minuto a mais. Infelizmente por mais que eu concordasse com ele, já se passaram bem mais que uma semana, dezenas, centenas, talvez milhares delas, e ainda não perdi a tal dedicação a este sofrimento, ouso dizer que ele jamais teve noção do que seria não tê-lo mais por perto, por isso era tão firme neste pensamento. Irreparável perda foi esta, eternas saudades sentirei de meu querido, amado e saudoso "Tio Gerald"...

Beatriz Teixeira
Enviado por Beatriz Teixeira em 26/08/2012
Reeditado em 26/08/2012
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