Falando do Meu Amor
Hoje eu acordei ainda mais disposto a falar de amor. Mas não de qualquer amor. Não desse “amor” que vemos por aí nas esquinas da vida, nos filmes ou nas novelas. Acordei disposto a falar do meu amor. Aquele que começou a despertar quando eu passei a me “entender por gente”. Faz muito tempo. Mas ainda me lembro. Com todos os seus detalhes. Inclusive os mais sombrios. Lembro-me com imensa saudade das primeiras amizades. As primeiras confidências. Os primeiros grandes sonhos. As primeiras inimizades. Cada uma das brigas que travei com quem de inimigo nada tinha. Quando havia apenas a incompatibilidade de ideias. E ainda não sabíamos lidar com isso. Quando a maturidade começava a aparecer. Lembro da primeira paixão. Ah, que delícia de paixão. Onze anos de vida apenas. E eu não via a hora de chegar à escola e ver de perto aquele sorriso. Aquele sorriso que iluminava meu dia e fazia com que uma imagem não me saísse da mente. Catorze anos se passaram. E ainda lembro com nitidez cada detalhe daquele semblante. Lembro com mais saudade ainda do primeiro beijo. De como minhas pernas tremiam. Há exatos doze anos. E mesmo tanto tempo depois, ainda consigo sentir o cheiro daquele perfume e o gosto daqueles lábios. Lembro-me também da primeira decepção. Não mais com dor. Mas como uma experiência. Lembro das primeiras lágrimas. Do ciúme. Lembro-me dos primeiros desencontros. Os primeiros “foras”. Tanto os recebidos quanto os dados. Principalmente os dados. Quando fazemos com algumas pessoas exatamente o contrário do que esperamos que façam conosco. Pois bem. Hoje tenho um amor solitário. Sim, solitário. Mas um amor mais forte, mais maduro. Mais ciente de si e do que espera das pessoas. Um amor acolhedor, calmo, sonhador. Mas frio e duro quando necessário. Aquele amor mais sensato, menos ansioso. Talvez ele seja exatamente o reflexo de tudo aquilo que vivi e ainda me recordo com tanto carinho. Essa bagagem de experiências que sempre carregarei comigo. Para aumentar ainda mais. Ou então ser dividida com quem esteja apto a sentir o mesmo. Com a reciprocidade e verdade que esperamos de alguém que esteja ao nosso lado. Que mesmo nas piores brigas, saiba que é alguém que comigo pode contar. Alguém que eu tenha a plena certeza de que quando eu mais precisar, estará ali ao meu lado. Pra me ouvir, pra falar, pra me abraçar. Podendo esperar o mesmo de mim. Finalmente, o amor que tenho hoje é aquele que não se contenta mais com “metades”, com “quases”, com “porquês”. Agora, ele quer e precisa de certezas! De tudo o que seja concreto. Que saia dos sonhos à realidade. E esteja firme. Firme e presente. Mesmo quando ausente.