Sobre perder pessoas...
"Tenho 53 anos e tudo o que eu queria era poder ligar pra minha mãe!"
Li essa frase ontem, num artigo da revista Alfa Homem, escrito pela famosa Tati Bernardi, e desde então acho que já liguei pra minha mãe umas 4 vezes. E chorei em todas.
Me veio como um tapa na cara, daqueles que te sacodem inteira. Por dentro e por fora.
Penso na minha mãe que, há dois meses, perdeu sua mãe e não pode, nunca mais, ligar pra ela, falar "oi mãe!"...
Penso que, em decorrência disso, eu nunca mais terei como dizer "a bença, vó", e me sentir abençoada...
Penso no Gil, um amigo da vida louca vida que se foi há exatos dois anos, cujo número de telefone eu mantenho registrado, mas jamais poderei ser atendida...
Penso no meu tio, irmão do meu pai, com quem nem me lembro de ter chegado a falar ao telefone de tão criança que era quando ele se foi...
Me lembro do meu padrinho que, pouco antes de sua partida, me passou um trote por telefone, me deixando apavorada e, em seguida, aliviada por estar falando com ele. Eu era ainda menina, de 6 ou 7 anos...
Penso em todo mundo com quem falo, faço questão de ligar, estar junto, participar
Penso também nas pessoas pra quem eu ligo sem sucesso, que pouco se importam com o que eu tenho a falar
E também naquelas com quem eu quero falar mas tenho receio de incomodar, então não ligo, me calo...
O tempo passa, os dias voam e ninguém sabe do amanhã. É clichê, mas é verdade: pode ser tarde, para qualquer um de nós.
Eu não to falando isso pra todo mundo começar a me ligar, ta?! É apenas um desabafo que conforta a minha intensidade em cada momento que vivo. Para cada sorriso que abro, para cada abraço apertado, para cada demonstração de amor.....
Metro SP - 21h20 - 21/08/12