Do que nunca te direi
P.,
Nunca te direi o quanto sinto e minto à mim mesmo quando na solidão de meus dias tua lembrança é a única coisa que me faz companhia.
Nunca te direi o quanto queimei nessa febre, de loucura ou paixão, e enquanto você dissipou com a luz, fiquei na mais profunda e negra solidão.
Nunca te direi o quanto compreendo que a pior verdade é aquela que a gente se nega, e quando me deu as escolhas eu cri que tudo não passava de ilusão.
Nunca te direi que entrei nesse jogo, pois achei que conhecia toda a minha mão e ignorei, num ato leviano, o quão embaralhado podia ser meu coração.
Nunca te direi que por mais distante e impossível que possa ser esse amor, amizade, paixão ou limerância... que sou sabedor de que todo sentimento é simulacro, invenção... ainda guardo a dor! repouso ela em cada célula do meu corpo na esperança de que em algum momento ela possa me levar em breve torpor.
Nunca te direi o quanto sofro por me ver nessa situação, de imaginar-te em outros braços, outros lábios, rindo com outros sorrisos, trocando com outros seus tão doces olhares.
Nunca te direi o quanto sei que não nos pertencemos, porque a ninguém pertencemos.
Nunca te direi o quanto sei não ser necessário para você, o quanto não sou o que você precisa, o quanto somos parecidos e o quanto isso não nos fará nenhum bem.
Nunca te direi o quanto debato em mim mesmo, me arranho e me esfolo, no esforço contínuo de estar com você, falar com você e não me deixar naufragar nessa rebelião de sentimentos incontidos, e, percebo tão somente agora, incorrigíveis. Porque, amiga, nunca te direi o quanto desejo sua voz, seu toque. Nunca direi o quanto preciso ouvi-la dizer, sem artifícios, sem máscaras, que isso tudo está fadado ao fracasso, mas, por uma vez, mesmo estando tudo tão errado, corromperemos nossos orgulhos e nos amaremos.
Nunca te direi o quão tolo me sinto por me permitir sentir assim, e a culpa é toda sua! Feiticeira!
Nunca te direi que das chagas que carrego na alma, a tua é a que nunca cuidarei. Não quero me livrar dessa dor se essa é a única forma de sentir teu calor.
p.s.: ao som de A Thousand years - Christina Perri