Despedida
Há certas decisões difíceis na vida que tem de ser tomadas, sendo assim quero dizer que estou indo embora. Estou indo a contragosto, mas certo de que isto me fará bem no futuro. Gostaria de levar-te comigo, mas a situação não cabe e não seria coerente.
Hoje eu levo uma vida mais ou menos, talvez mais menos do que mais. Sinto que preciso de um up grade, de uma variação, de um impulso e isso não partiria de ninguém se não de mim mesmo.
É ótimo gostar, mas é melhor ainda quando temos tempo e conhecimento do gosto por nós mesmos e fazemos disso prioridade, logo é isso que quero pra mim e é preciso urgência, afinal Cazuza, já mesmo naquela época como clichê, dizia que o tempo não para.
Estou indo com coração apertado por deixar família, amigos, matérias e sentimentos que plantei e colhi aqui, todavia esse coração apertado um dia se abrirá para novos amigos, novas matérias e novos sentimentos onde eu estiver e calçar meus pés.
Parto às 21 horas do próximo dia dez. O destino não vem ao caso, mas é propositalmente distante para ver se consigo me desvencilhar do que, de perto, não consegui.
Gostar dói, e hoje, mais do que ninguém, sei disso. É só olhar para as cicatrizes formadas, para as feridas ainda abertas e relembrar cada tombo, cada arranhão provocados por palavras e atitudes tortas, pontiagudas e, estas, não só de outros, mas de mim mesmo que fiz errado, que amei errado, que vivi errado, que planejei errado. E esse plano talvez seja mais um erro, contudo se eu não o fizer me arrependerei e o fantasiarei no futuro a toda hora evidenciando o se : se eu tivesse ido, se eu tivesse feito, se eu tivesse tido coragem. Portanto prefiro não questionar o se no futuro e fazer o ser no presente. É isso! Eu quero ser um novo, ter o novo.
As mudanças são necessárias e para tanto é preciso administrar prós e contras. Esta administração vem me corroendo, me abatendo e me fazendo mais curioso e uma pessoa melhor.
Estou indo, mas volto um dia como uma pessoa melhor para compartilhar os bons resultados obtidos e para termos uma conversa a respeito de tudo isso, tudo aquilo , de tudo que passamos juntos e claro, dando risadas.
De longe pode ter certeza de que não te esquecerei, você fez parte, mesmo por pouco tempo, por muito da minha vida; e não sou mesquinho ao ponto de absorver mágoas com os sorrisos que me proporcionou nos bons momentos.
Você amigo, você família, você conhecido de pouco tempo, você grande amor, ou seja a todos vocês eu desejo felicidade e conforto na vida de todos.
Assim que tiver o meu novo CEP farei questão em compartilhar mesmo que não estejamos mais no tempo de receber cartas ou visitas. Mas prefiro manter-me longe do mundo virtual por um tempo, haja vista que ele aproxima, mesmo de forma fria e é isso que não quero mais: frieza.
Pelo calor da minha atitude de partir, progredir, de me permitir eu me despeço.
Por favor, não compareçam no portão C do aeroporto às 21 horas do próximo dia dez. Não quero ter motivos fortes para deixar de ir; quero chegar ao novo destino de cabeça erguida, cara limpa e olhos secos.
Amar dói. Quem pensa que amar é padecer em felicidade e paraíso está enganado. Amar é calcular a proporção de sofrimento no futuro para cada sorriso no presente.
Amar é não só álbuns de figurinhas com frases clichês. Amar é ceder demais por apenas uma parte, amar é carregar circunstâncias adversas, é tentar estimular o que talvez não tenha mais estimulo.
Gabriel D´Nasc
Escrito em um certo dia do mês de julho de 2012