Que reste-t-il de nos amours

“Que reste-t-il de nos amours?

Que reste-t-il de ces beaux jours?

Une photo, vieille photo de ma jeunesse

Que reste-t-il des billets doux

Des mois d'avril, des rendez-vous?

Un souvenir qui me poursuit sans cesse”

Algumas canções intensificam paixões, amores, porém outras desencadeiam uma série de nostalgias, que subitamente, naquele momento em que você não precisa delas, elas renascem e torna mais triste as suas lembranças. É por isso que existe que reste t-il de nos amours, uma canção sobre dois apaixonados e o que lhes sobraram foi apenas uma foto, uma velha foto de suas juventudes.

Hoje, enquanto estava procurando algumas coisas no meu guarda-roupa deparei-me com algumas cartas, cartas antigas que guardo há muito tempo, pude ver como éramos apaixonados, como conquistávamos um ao outro a cada dia, mesmo morando em cidades distintas, “burlando” as contas telefônicas em uma época que os meios de comunicação eram limitados e muitas vezes nos restava a fazer o ritual de pegar a melhor caneta, o papel mais bonito, o envelope mais gracioso e fazer o itinerário de casa ao correio e esperar durante alguns dias notícias tuas.

Lembro-me das vezes que marcávamos de nos encontrar em alguns finais de semana por mês. Contávamos nos dedos de segunda até sexta; e quando essa tal sexta chegava parecia que cada minuto era uma hora e cada hora um dia. Ao chegar o grande momento de te ver, buscava-te na rodoviária e abraçava-te intensamente. Desfalecia-nos um nos braços do outro, por alguns instantes trocávamos olhares, olhares penetrantes, um nos olhos do outro. Um pequeno grande momento de silêncio nos invadia até que chegávamos a casa.

O final de semana passava tão rápido, os instantes no cinema pareciam que estávamos assistindo um curta-metragem de tão depressa que passava. Após o filme sempre voltávamos para casa caminhando na noite iluminada pelos postes da cidade, sentindo o calor da caminhada e a brisa refrescante em nossos rostos úmidos pelo suor.

O tempo passou, passou de forma tão rápida, assim como num curta-metragem durou o nosso romance, fomos nos dando pequenos espaços de tempo, os espaços foram ficando maiores até que tudo se dissolveu, diluiu-se. E o que me sobrou? Sobraram-me as velhas fotografias, as velhas lembranças de nossa adolescência, assim como em que Que reste-t-il de nos amours.

Se algum dia alguém me perguntarem se eu amei, responderei: “Amei sim. Amei de verdade, mas por um curto momento, mas que foi tão intenso que até hoje sinto que continuo amando”.