Para nós.
Como devo observar a realidade que agora me invade?
Se antes eu tinha suas horas, agora só restam seus segundos.
Os segundos que te vejo passar, os segundos que de longe te absorvo.
Mas é imerecido pra mim, tanto quanto é para você o meu amor e dedicação.
Será que isso é amar? Quando vamos contra a própria razão e idealismo, partindo em busca de tudo que nos oprime...
E é aqui a parte em que junto minhas mãos em oração. E suplico para que você seja em minha vida, tão breve como os segundos em que te observo.
Pois os meus olhos não possuem esta função, foram constituídos para muito mais! Contudo eu mesma os sucumbo a esmera análise, porque te olhar me sacia de um alimento que não se encontra na inteligência.
Devo estar dividida entre as metades da vida, é tão doído.
Dói pelo fato de estar escorrendo pelas mãos, enquanto me esforço na tentativa de prender as gotas esvaecidas. Dependo tanto deste sentimento, quanto do próprio alívio!
O que seria perene, não fosse ele composto por dias de realidade e calamidade, aqueles nos quais me defrontei com os seus segundos, que na verdade nunca foram horas.
Portanto, depois de tantas conjunturas, digo hoje cheia de certa emoção: vai com Deus.
Fica em mim um segundo da noite em que parecemos reais. O resto é simples lição de vida.
Meu amor guardei para dá-lo a quem de modo completo o conquistar.
E assim vão-se as horas.