Cartas à Presidenta Dilma Rousseff sobre a greve nas universidades federais

Atendendo, agradecido, à sugestão da minha amiga Tatyana Cavalcante, compartilho com vocês a mensagem que enviei, a pedido do ANDES-SN, à presidenta Dilma Rousseff, solicitanto esforços no sentido de concretizar a negociação com alunos, professores e técnico-administrativos das IFEs, pois a greve já passa de dois meses e precisamos resolver essa situação, que traz prejuízos irreparáveis à sociedade brasileira. O pedido do ANDES-SN é para que todos mandemos mensagem de hoje em diante, sobretudo amanhã, clamando por negociação, para os seguintes endereços: atendedilma@yahoo.com.br; nacional.imprensa@planalto.gov.br.

Presidenta Dilma Rousseff,

Alunos, servidores técnico-administrativos e professores das nossas universidades federais estão em greve há mais de dois meses. Conhecemos a pauta de reivindicação desses valorosos brasileiros: qualidade da infraestrutura, salário digno e carreira que possibilite a cada professor e a cada professora federais se realizarem profissionalmente.

Dizer que a educação é o setor estratégico primordial para construirmos um Brasil rico torna-se redundante. E é por conta dessa certeza que solicitamos, encarecidamente, a atenção da Presidência da República e do Estado brasileiro para com a pauta referida acima.

Nós, brasileiros e brasileiras que trabalhamos quatro meses no ano apenas para recolher impostos e taxas ao Estado, só pedimos que parte da riqueza socialmente produzida seja revertida ao seu verdadeiro proprietário: o povo, a quem, precipuamente, servem nossos professores, técnico-administrativos e alunos de nossas universidades.

Sua atenção para com essa greve se torna decisiva e é por esperá-la que lhe enviamos esta mensagem.

Respeitosamente,

Prof. Dr. Wilson Correia

Adjunto no CFP da UFRB

"Presidenta Dilma Rousseff,

Estou ciente de que alunos, servidores e professores das universidades e institutos de educação federais estão em greve há mais de dois meses, movimento que ganha adesão a cada dia. Estou também ciente de que a proposta de negociação apresentada pelo governo é apenas aparentemente generosa, pois nossos colegas dessas instituições fizeram a gentileza de nos fazer ver que ela pouco atente às reivindicações das pessoas especialmente envolvidas no processo e, indiretamente, também às da sociedade.

Muito embora o governo Lula tenha lançado o maior programa de Educação Superior já visto na história deste país, a realização deste empreendimento depende de condições objetivas que, em nosso sistema de produção, necessariamente envolvem mais do que boa vontade, implicando em investimento. Falta às instituições – as antigas ampliadas e as novas – infra-estrutura, pessoal (técnicos e professores) qualificado, bons salários, bolsas-pesquisa, bem como investimentos que permitam aos estudantes despossuídos estudar com igualdade de condições, tais como bolsas-trabalho, restaurantes universitários, moradias, bolsas-evento e outras (sim, porque não basta isenção em vestibular e ENEM, há toda uma trajetória intelectual a ser cumprida, que demanda dinheiro).

Estou certa de que precisamos com urgência vencer essa noção de “dar o mínimo” quando o assunto é educação. A educação precisa ser de qualidade e, para isso, é necessário investimento. É a educação que nos permite tornarmo-nos humanos, além de bons profissionais e cidadãos de fato. Não podemos ter a inocência de acreditar que os títulos universitários em si mesmos melhoram a educação e a qualidade de vida. É o decorrer da – boa – vida universitária que os conhecimentos adquiridos nesta experiência tão singular tornam-se relevantes ao estudante e, em consequência disto, à sociedade.

Por este motivo venho pedir encarecidamente, presidenta, que esteja atenta a esta greve e disponha-se à negociar, da melhor maneira possível, um futuro educacional (e portanto, social) mais humano para nossos concidadãos.

Tatyana Murer Cavalcante

Cidadã brasileira, filha da escola pública desde o pré-primário até o doutorado (dos cinco aos trinta e oito anos) e amante defensora da mesma escola."