Os teus olhos
A Lâmpada
Certa noite, a amada entrou em minha casa. Levantei-me com tal rapidez que minha lâmpada caiu.
Ela me censurou:
- Por que razão, apenas me viste, apagaste a lâmpada?
Respondi-lhe:
- Já não precisamos dela, ó minha luz!
Saadi - Poeta Persa
“Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar” e é assim que eu te me imagino no momento em que eu irei olhar definitivamente e de forma sincera em teus olhos.
Hoje, vejo-te, vejo-te sim, mas apenas por fotografias e fico imaginando como será o dia em que eu puder sussurrar palavras em teus ouvidos, sentir o teu cheiro, e admirar toda mocidade que há em teus olhos que servirão como lâmpadas, sim, duas lâmpadas para os meus caminhos.
Quero sentir as suas pegadas quando você se for, mas com um aperto no coração que irá sempre martelar aos meus ouvidos: Será a última vez? Porém, em contra partida nascerá a cada ausência tua um carvalho em meu ser que me fortalecerá ao ponto de me dizer: voltarás... voltarás... e quando tu voltares, estarei aqui aflito, ansioso para receber os teus abraços e escutar: “Como foi bom da última vez, quero repetir sempre até que terminem nossos dias, pois, se alguma vez me perguntarem se fui amado, responderei: diversas vezes por dia, por ano... por uma vida!”,
E se em algum dia a minha lâmpada cair, terei certeza que os teus olhos me guiarão como um facho que resplandecerá por muito tempo, assim como as estrelas que já morreram, mas ainda deixa o seu brilho para nós contemplarmos.
Quando você for embora... quero beber do vinho mais forte e sentir a sua presença até a última gota, e lembrar o quanto foi amarga a tua partida e que serás densa como o vinho. Ver-me aflito até rogar-te para que regresses.
Por favor, não demores, tenho pressa para ver o brilho dos teus olhos, sentir o carvalho que há em mim encandecer até tornarem-se cinzas. Com a esperança de te ver novamente e repetir: “Como foi bom da última vez”.