CONFIDÊNCIA AO MUNDO - Na manhã de 18 de julho de 2012
Eu e este homem, mundo, nunca fomos nem somos amantes (a não ser que se considere o termo "amante" no sentido que teve em séculos passados, significando "amado", "amada"). Nunca fomos nem somos amantes, no sentido usual do termo. As instâncias do Ser, necessariamente a passarem pelo corpo e pelos sentidos físicos, o ultrapassam, a esse corpo, em muito, em direção ao Infinito. Certos "amantes" amam nessa plenitude, que é cósmica e também não pode ser reduzida à expressão “amor platônico”, porque tal expressão se emprega, hoje, esvaziada de todo o seu profundo sentido original. Assim, mundo, eu e este homem nunca fomos nem somos amantes, tampouco tivemos nem temos um amor platônico.
Um amor que não cabe em palavras esvaziadas de sentido. Talvez nem sequer se possa chamar de "amor", mundo, ao sentimento que houve entre eu e este homem, (sentimento que permanece, ao menos em mim) que a palavra "amor", de tão usada e de tão abusada, talvez já nada ou quase nada signifique do que se pretenda comunicar, ainda que mulheres e homens, o que muito quereriam, no mais secreto de si mesmos, tivesse sido possível haverem trocado, ou poderem vir a trocar, uns com os outros, ao menos uma vez: EU TE AMO; EU TE AMO, TAMBÉM. Ouvirem, um do outro, com a certeza indispensável, a amplitude do que se "disseram" ou se "dirão".
Eu e este homem, mundo, tocamos, um do outro, nosso corpo da alma e do espírito de Ser. Isso convulsionou, até a raiz, nossos mundos e os mundos de outros também, porque isso que nos tocou e nos engoliu não tem nome, e o que não tem nome é trágico e terrível, como o nome indizível de Deus.
Ah, mundo, por que nunca nos havereis de aceitar, por que nunca nos havereis de compreender e, acima de tudo, por que nunca nos havereis de perdoar?
Na manhã de 18 de julho de 2012.