À pessoa mais linda do mundo.

Já fazem meses desde a primeira vez que eu te vi. Fazem meses desde que eu estudo e devoro teus detalhes medianos de solidão. E é como se ainda ontem eu tivesse conhecido teu falar arrastado e preguiçoso de quem acabou de acordar ou tua necessidade de toda e qualquer afeição que se possa sentir. E eu guardei sempre numa caixinha, poemas bobos pra você, composições tortas e palavras que morreriam sem sentido, porque meu carinho por você não era possível de palavrear. Até então.

No entanto eu rabisquei uns sentimentos nesse papel pra você, ao tentar dizer que talvez seja pra ser, eu e você e aquele ‘conte comigo’ eterno. Cheguei a acreditar até que ninguém nesse mundo pudesse sentir o que eu sinto por você. Sonhos de nós dois, como irmãos. Todas as vezes que eu segurasse tua mão, te desejaria a maior fé de todas em você mesmo. Te ajudaria a olhar pra dentro, para as maravilhas que existem no teu inverso.

Eu esperei paciente todos os meses pra você chegar mais perto, como nos bailes de formatura, esperando ansioso você me puxar pra dançar. Você puxou, eu fui, dançamos. E quem olhou provavelmente invejou a sintonia dos passos e da afeição entre nós, porque não eram pés e corpos no salão, provavelmente éramos alma e coração. Até que um dia a distância abriu um buraco no meio do nosso continente de amizade, no meio do meu peito e eu senti saudade.

Fechei os olhos pedindo que ventos bons viessem e que nós aprendêssemos a nos cuidar independentes, mas eu só pedi, confesso, longe de você eu sou uma pessoa perdida em um mundo de maldades. Ou nem mundo eu tenho, porque eu só chamo de mundo aquilo que tem consistência e emoções, e eu passei a ser muito mais emocional depois de você. Você me fez re-acreditar em anjos e histórias de fantasia, abrandou meu jeito de ser porque você é idêntico a mim e então eu não me sinto informação demais pra ninguém porque eu sei que em algum lugar no mundo, tem você, tal qual eu. Depois de você, não me sinto tão sozinho, não tanto. Você me alivia de ser quem eu sou e acho que nunca te agradeci. E embora o buraco da distância continue no peito e no amor, eu ainda rezo todas as noites para que você mantenha teu melhor sorriso.

De todos os amores naufragados que eu já tive, você é de longe o melhor e mais limpo e sincero. Talvez por você substituir os pilares de sustentação que eu nunca tive, ou apenas por garantir que nunca vai me deixar, eu acabei me agarrando à você como se fosse uma corda caindo do céu no meio de uma correnteza. Eu te apertei, te puxei, grudei em você, pra nunca mais sair. Eu tô saindo? O laço bonito de fita está se desfazendo ou só afrouxou pra depois se apertar mais forte? Eu espero todos os dias pra viver ao seu lado, te cuidar de perto, escrever livros sobre você, a pessoa mais linda do mundo. E minha. Você é meu, irmão, amigo. Meu anjo da guarda e o presente mais lindo que eu já ganhei. O melhor. Melhor-amigo. E há quem julgue, quem fale mal e quem desacredite que é possível amar alguém sem desejo carnal e não-psicológico. Que olhem para nós e nos vejam exatamente como somos, você sendo a outra metade da minha asa. Eu até vôo, se você voar comigo. E voando nada nos sustentará, no ar seremos o que quisermos anjos, demônios, do lado certo ou do avesso, mas, sobretudo, seremos sempre juntos, e eternamente.