Entre querer e ser
Perturbadoras nossas últimas conversas... Mas de repente estou a culpar nossos textos por essa perturbação que tem, também, uma (des)motivação acadêmica. Me sinto apavorada, intelectualmente, falando. E também nesse campo, percebo minha tendência primária de fechar-me à questão, de negar, de querer fugir dela.
Quem sou, afinal? Uma professorinha generalista que ora recita poemas para uma turma de adolescentes e que em outro momento se atreve a atuar no nível estratégico de uma política? Quem é essa criatura aterrorizada diante de uma disciplina?...Intelectualmente imobilizada...
Quem é essa mulher que toma ares de ..., que se quer submissa, compreensiva?... que alardeia pro Dono a entrega de si, do destino, da vontade ao tempo em que arde de pavor ao imaginar que o Homem, aquele que ama, pode estar, agora, vulnerável a uma outra relação, dando e tendo tesão...
Que ... é essa que deseja estar na mesa desse Homem e que engole em seco a proposta de ser a amiga f..?..que ... é essa que AMA INTENSAMENTE aquele que propõe sexo e amizade, somente...
Como dizer SIM à proposta se tudo o que ela quer são os 22 dias da convicção de que seria ela a amante derradeira? Dizer SIM é conviver cotidianamente com o medo desse Homem ir quando encontrar outra a quem ame e sinta a necessidade de estar com...Como reprovar quando isso acontecer se ela sabe o quanto é incontrolável amar?
Como dizer NÃO se o corpo inflama ao ouvir o texto lascivo, sacana, vadio? Como dizer NÃO se é esse Homem a maior alegria, o melhor momento, a melhor parte de si?...
Não... não posso brincar de ser sua amiguinha enquanto desejo um mundo de situações alimentadas em nossos textos..
A verdade acadêmica... a verdade do teu não-amor...Insuportável repetir a experiência da madrasta da Branca de Neve diante do espelho..diante da pergunta crucial.... a coragem da pergunta...a dor da resposta...