Assumo um romance de folhetim.
Amor de Julieta, de Evita,
de Anita e de tantas outras
protagonistas femininas.
Mas todas elas, bem sei,
não tiveram um final feliz.
Concluo: poxa que bom!
O meu não será por exclusão,
por isso sorrio quase infeliz.
Não queria um amor qualquer
quadrado, com final previsível,
escrito em pergaminho.
Daqueles que se raspam
e se reescrevem.
Fui atendida, mas eu amo sozinha!
Ele veio em formato de triângulo
bem estreitinho... Com rabiscos.
Não poder enviar carta com nome
já é o nosso grande castigo.
Simplesmente escrevê- las,
é o bastante pra mim.
Um dia, elas também ficarão no museu,
iguais às cartas de Exupery.
E vão se perguntar sobre o vidro:
“Para quem será que ela escreveu?
Vejam! - dirão os curiosos -
tem a letra ‘R’ no começo e no fim!”
Tolos! - direi eu -
A letra “R” é porque enderecei
a carta duas vezes para mim!

Railda
Enviado por Railda em 11/07/2012
Reeditado em 24/06/2016
Código do texto: T3772466
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