Extravios de André
Primeiro contato
Brasília, 11 de fevereiro de 2011
Querido e (desconhecido) André
Lamento informar-lhe por meio desta, que sua carta jamais chegará ao destino, pois, foi encontrada por mim, em um envelope sem destinatário e com endereço incorreto.
Como foi necessário abri-la para saber do que se tratava, li atentamente todo o conteúdo da carta, ou melhor, das cartas. Fiquei triste e feliz. Triste ao ver que era uma carta para um amigo, mas que jamais chegaria ao destino e feliz por saber que alguém ainda escreve cartas.
Estive pensativa por alguns dias. Muitos dias.
Eu sou uma amadora das cartas e dos sentimentos que envolvem a todos nós seres humanos. Amadora nos dois sentidos.
Desde que recebi as cartas, que não foram a mim enviadas, fiquei tentada a respondê-las. Não sei se seria bom para você ou não, mas, cheguei a conclusão que somente você poderá dizer o que acha. E... o que achou?
Não gosto de tentar adivinhar o que borbulha na cabecinha e no coração de ninguém. Deve ser porque sempre erram quando tentam invadir este meu mundo.
Tem gente que tenta entender o mundo pelas entrelinhas. Ora, nem tudo é assim. Se eu digo que não como carne, eu apenas quero dizer que não como carne. Mas, não... há aqueles que são capazes de jurar que eu só disse isso para arruinar a vida dos açougueiros de Tambajaú, nem sei se existe este lugar. Apenas, ilustro para dizer o quanto é possível errar ao invadir um pensamento.
Quanto, aos garranchos, não se preocupe, fácil compreender sua letra. E escreve muito bem. Cheguei a ficar triste em sua tristeza. Comecei a imaginar–me assim, em um aeroporto, prestes a viajar. Partindo em um vôo cego, no qual desejo entrar para partir ou restaurar uma relação.
É... foi isso que eu disse, parecem coisas diferentes. Opostas talvez, mas, não é. No fundo é igual. Veja bem: Quando temos que restaurar algo significa que está estragado, partir é o melhor caminho se desejamos romper com uma paixão, mas, isso também significa restaurar, pois devemos buscar outro rumo, não é mesmo? Confuso, não?
Bem, acho que estou um tanto confusa com este tema. Talvez seja porque tenha passado por algo semelhante, ou porque, não sou perspicaz nem para desvendar o que penso. Pode ler as entrelinhas e dizer o que acha.
Meu anjo, eu poderia ficar aqui escrevendo durante horas e horas, nesta terapia gratuita e amigável. Mas, prefiro deixar-lhe. Sendo assim...
Despeço-me com uma pergunta em meu pensamento: Será que terei resposta?
Um cordial abraço.
Pedra