Há certos momentos em que eu me sinto como se não pertencesse a lugar nenhum.
Sinto-me alheio a tudo e a todos , simplesmente sem eira nem beira.
Nada me prende, nada me pertence e não pertenço a ninguém , não pertenço a nada.
Não pertenço nem a mim mesmo.
Nada sou, em nada estou.
Não estou. Não sou.
Não há nada, lugar, pessoa, sentimento, instantes, com que ou com quem me identifique e que tenham a mais indelével atenção sobre o meu ser, sobre o meu estar, sobre o meu pensar, sobre o meu pesar.
Simplesmente não existo.
E o tempo não pára.
E o tempo não passa.
Nada represento, nada prendo ou retenho, pois não sou, não estou, não existo, nem como sólido, líquido ou gasoso.
Nem etéreo, nem energia, nem escuro, nem buraco branco, nem buraco negro.
Nenhuma energia.
Desenergizado. Totalmente.
Nem jovem. Nem velho.
Seria isto apenas solidão?
Ou a consciência plena , certa, concreta de que não sou deste mundo.
Não sou ator principal nem coadjuvante nem mesmo extra.
Posto, quem sabe, extraterrestre!