POR VOCÊ
Por você
escrevi meus contos
Construí meus versos
Contei meus sonhos
Comprei livros, vinhos
e até uma bússola.
Por você
Fiz-te timoneiro
do meu barquinho azul.
Para navegares na minha alma
e nela fundires a tua.
Por você
escrevi poesia
rimei amor com teoria,
contei histórias de minha própria autoria
para assim preencher a tua vida vazia.
Por você
Comprei um livro com páginas em branco.
Capa negra com folhas de parreira prateada.
Comprei até uma caneta iluminada,
coloquei em uma caixinha encantada
para que nas noites escuras
escrevesse a tua amada.
Por você
não pedi aquele beijo
Sufoquei meus prazeres,
e desejos
por preliminares ardentes,
por compreender o quão pequenino
era o teu limitado ser.
Por você
fui a tua ama,
dei-te a minha cama
sem medo do mar de lama,
e com prazeres infinitos
fiz silencioso o meu grito
para que o teu prazer não fosse interrompido.
E mesmo que nada fizesse sentido,
entreguei-me
sem nada pedir.
Mas todos os meus sacrifícios
foram em vão,
pois estava a amar um homem sem compaixão.
Assim, consciente de que tudo não passou de uma ilusão
dou por encerrada essa relação,
como a letra daquela canção:
*“... eu bato o portão sem fazer alarde
e a leve impressão de que já vou tarde”
Adeus.
* Trecho da música TROCANDO EM MIÚDOS de Chico Buarque de Holanda.