Foi tudo mentira!
Agora, recentemente, na data de 22/3/2012, a minha mulher faleceu...
Com este (trágico e inesperado) acontecimento recebi apoio dos mais próximos que me diziam: − “Não fique triste”... – “tenha forças para superar o momento”... – “não se deixe abater, e confie em Deus”... – “sua vida tem de prosseguir”... – “cuide de sua saúde” etc.
Daí, de imediato, eu tomei a providência de me manter (psicológica e fisicamente) são: não ficando triste, tendo forças para superar o momento, não me deixando abater, confiando em Deus, e, fazendo a minha vida prosseguir. Pronto... fiz isto e caí em desgraça (para muitos)! Como passei a fazer, pasme-se, exatamente o que me aconselharam a fazer hoje sofro críticas veladas (tácitas ou implícitas) e expressas (verbalmente) e sou execrado por ser considerado frio, insensível, e desrespeitoso com a memória da minha (eternamente amada) mulher. O que sinto? Pouco importa!
Com absoluta certeza, se eu estivesse barbado, sem tomar banho, com os poucos cabelos que me restam crescendo desgrenhados, maltrapilho, faltando aos compromissos etc., aí sim! Sim, eu receberia tapinhas nos ombros, e seria verdadeiramente admirado... Eu estaria de acordo com o que esperavam de mim – triste; sem forças; abatido, e sem Deus; a vida estacionada; sem saúde (física e mental)... demonstrando o quanto eu me encontrava acabado, em pleno desespero, com visível dor e sofrimento... e talvez o suicídio fosse ainda mais eloqüente...
Na verdade, se eu me encontrasse assim, um verdadeiro zumbi ambulante, eu seria “o cara”: sensível e respeitoso com a memória de minha mulher, “comprovando” o quanto eu a amava!
E de onde vem “isso”, essa mórbida concepção de que a dor-sofrimento resolve tudo? Ora para punir, ora para expungir os pecados, e não poucas vezes como indicador de sensibilidade, afeto, ou respeito [v. Responsabilidade e a dor-sofrimento]!
É lastimável que poucos (as) tenham desejado para mim o que, concretamente, faço, e ficam felizes... e muitos (as) mentem, ou se mentem mesmo que inintencionalmente “achando que deu deveria agir sim, porém, um pouco depois”, “não com quem decidi viver”, e assim por diante...
Eu sei que ao dizer que “foi tudo mentira” (título desta carta) exagero... desde que as intenções daqueles desejos foram sinceras... mas que foram absurdamente contraditórios, sem dúvida foram...
Enquanto a dor-sofrimento for parâmetro para nortear as pessoas para causar dano, é certo que vivemos (flagrantes) contradições como as que se vê... e involuímos cada vez mais...
Beijos em todos (as) – mesmo aos que mentem, e aos que não sabem que mentem...
Rodolfo Thompson. 20.6.2012.
P s . Apesar de “tudo”, sem mágoas, eu sou e pretendo permanecer feliz, infeliz (e com saúde)!