Carta á Menina - II
Não sei exatamente o que escrever. Mas sei que preciso. A notas na gaita de boca não andam salvando minha alma. Meus devaneios sempre atormentam minha mente.
Saudades. Nunca exatamente o pavor deste sentimento. Mas vez ou outra sinto. E até gosto. Mas logo não quero mais.
Não sei onde estas menina. E nem se ira ler a carta.Mas escrevo-te. Num torpor de exaustão poética, simplesmente escrevo-te.
Não sou o maior poeta e nem escrevi teatros de amor. Fiquei sempre relutando. Na minha embriaguez necessária. Como se eu ficasse num silêncio angustiante.
Queria tu aqui. Lá fora esta chovendo. E eu as vezes flerto com a chuva. Mas não é a mesma coisa. Ela não tem os teus lábios. Nem teus olhos.
Eu continuo na minha peregrinação sem destino. Apenas querendo ouvir uma boa música com boa companhia.
As vezes até me pego em meio a uma taça de vinho pensando em sua pessoa. Lembrando dos detalhes de seu rosto. Embora eu nunca tenha tido este hábito outras vezes.
E eu sempre te chamo em meus delírios febris. Ilusão. Como se pudesses ouvir. Queria que ouvisses.
Sinto medo de certas coisas que sinto. Minhas mães que escrevem tentam sempre esconder isso. Lá fora vejo tua imagem. Sem poder toca-la.
Fico eu aqui. Na minha querida solidão. Vendo os filmes que sei que talvez tu fosse ver. Revendo neles coisas que lembram-me de ti.
Como se a arte pudesse me salvar. A música. A poesia. Os filmes em suas fotografias de inverno.
Vou esvaziar-me em devaneios confusos. Procurando o céu anil que nunca mais vi.
Despeço-me como um sorriso amarelo. Um gosto de conhaque. E um pouco de fumaça. Nada mais tenho por ora a te dizer. Embora pudesse aqui ficar falando sobre ti...incontáveis segundos...como se esperasse minhas mãos se destroçarem sob os teclados...em, pedaços...em pequenos pedaços poéticos...e nada mais..