INCLUSÃO

Querido Eddie

Obrigada por tuas palavras de carinho, nesse momento tão singular de minha vida... sei bem do que estas falando, e os reais motivos dessa minha constante luta a favor da inclusão. Sei do carinho e o respeito que nos envolveram quando em determinando momento atrelo parte de minha vida a historia de vida de vocês... por meio de nosso querido Samir.

Acredito que INCLUSÃO é uma condição “sine qua non”, onde por meio dos DIREITOS CONSTITUCIONAIS todo e qualquer cidadão deve ser respeitado por sua condição, seja qual for a instancia. Partindo deste principio por questões éticas todo educador deve colaborar para fazer valer os direitos do cidadão aluno. Se a inclusão estiver atrelada a opinião pessoal de alguns professores, então estaremos fadados ao fracasso, e confinando nossas crianças ao isolamento social.

Ao assumir a condição de educador se faz necessário que todo e qualquer professor, independente de sua disciplina assuma sua responsabilidade diante das singularidades de cada sujeito. Muitas vezes a interpretação errônea da lei, ou ate mesmo a ignorância desta, faz com que ainda haja duvida, se a inclusão é ou não possível. Diante desse tema tão latente nos dias atuais se faz urgente que todos os educadores, se comprometam a ler e melhor interpretar a lei que respalda o acesso de todas, as crianças ao meio escolar. Somente desta forma o ambiente social também será estendido e assim aprenderão a conviver, independente dos conteúdos escolares do nosso sistema que esta dentro de um modelo retrogrado para os tempos atuais. Esse modelo por si só já causa a exclusão de muitas crianças que acabam sendo assim um problema social, criado por aqueles que deveriam saber lidar com as diferenças.

O ensino formal (aquele de sala de aula), como o próprio nome diz, é mera formalidade. Necessitamos dele, por sermos seres urbanos, onde a seleção supostamente acadêmica é feita via diplomas acadêmicos. Fora disso a melhor escola é a da vida, aquela que nos ensina a sermos os melhor que possamos ser, vencendo nossos próprios limites, sem que para isso necessitemos minar a vida do próximo.

Minha constante luta, seja em prol das crianças autistas, down, disléxicos, xfragil, asperger, TDH, TDA, etc, seja qual for os rótulos que recebem pela suposta legião de pessoas normais, é deixar bem claro que, seja qual for os estigmas e os rótulos que recebem, há um Ser em desenvolvimento, pulsante e que assim como qualquer um de nos, não nasceram prontas, vão se aprumando ao longo da vida. Processo esse, que acontece com qualquer Ser vivo.

Meu papel de educadora é gritar aos quatro cantos do mundo que antes de qualquer rotulo há um Ser humano, com alma, carne e osso, sentimentos, emoções, com ânsia de vida. Então partindo do ponto de vista de educadora, vou sempre dizer que, por questões éticas profissionais e pessoais, não é salutar que o professor dificulte ou se posicione contra a inclusão. Caso algum professor se ache no direito há de repensar sua escolha profissional, pois seu papel é de respaldar a formação dos alunos e não de dificultar seu acesso. Em se tratando dos pais, batalho para que todos entendam que entre o ideal e o real há a necessidade de que cada pai assuma a identidade de cada filho para que também não seja mais um a abortar o direito de ir e vir dos seus.

Por conviver com as dificuldades encontradas pelos pais em conseguir um espaço social para seus filhos que realmente oportunize condições saudáveis de convivência de seus filhos cabe a mim como profissional que prima pela ética pessoal, lutar por aquilo que acredito que seja possível.

Por isso muitas vezes aparece a “sargentona Albertina”, “capital Nascimento da Psicopedagogia”, nessas horas, lutando contra o preconceito e fazendo uma escuta toda especial dessas crianças para que elas se tornem Seres humanos cada vez melhores, e conseqüentemente nos mostrem que a SOCIEDADE É FEITA DE DIFERENTES E NÃO DE IGUAIS. Se é feita de diferentes e não de iguais, então por que segregar essas crianças ao isolamento? Como posso padronizar quem é normal e quem não é?

Creio que o processo é simples... basta conscientizar que o educador tem apenas duas função: fazer valer os direitos constitucionais de nossas crianças e suas famílias e estar aberto para as aprendizagem, aprender a fazer escutas desprovidas de julgamentos e aceitar que esta em suas mãos a formação de futuros adultos.. Portanto, nenhum pai necessita lutar por seus direitos, se desgastando e gastando as relações. É preciso exigir para que sejam respeitados, para que invistam seu precioso tempo em escoltar seus filhos, para que possam ter seus direitos preservados. Por isso, repenso nas legiões que se formam, em prol das deficiências, como se todos nos nascêssemos eficientes e apenas alguns nasceram deficientes.

HÁ DE SE FAZER UM TRABALHO SOCIAL NA EDUCAÇÃO para que não gastemos o precioso tempo discutindo aquilo que é condição sine qua non, e sim, abrir mão das dificuldades e acharmos as possibilidades. Penso que, MARGINALIZAR é tirar do centro e colocar no escanteio, SOCIABILIZAR é abrir opções. Nossas crianças precisam de adultos equilibrados, satisfeitos com a vida, bem resolvidos, desarmados, responsáveis e éticos para que possam seguir exemplos e se tornarem também adultos coerentes e consistentes...Talvez de tivéssemos adultos melhores não teríamos a infantes tão corrompidos.

Beijos em teu coração, e se hoje eu tenho um pedido a fazer eu peço para que eu possa continuar nessa luta por muito e muito tempo ainda. Não discutindo os direitos do cidadão, mas, fazendo valer seus direitos enquanto humanos e Seres vivos que necessitam ser respeitados e escutados.

Um grande abraço a vocês em nome de todos os Samir(s) que de uma forma ou outra estiveram e estarão em minha vida.

Ate breve