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ADEUS MEU GRANDE AMOR...
 
Hoje faz  três meses que a senhora partiu...
Já nos primeiros dias eu queria muito dedicar-lhe uma homenagem, escrever algo a altura da sua personalidade alegre, positiva e otimista por natureza, mas arrasada física e emocionalmente como estava, não conseguiria, então me calei...
Mesmo agora, que me julgava preparada, não consigo evitar que as lágrimas  rolem por minha face... Perdão vó, mas se eu for esperar a dor amenizar, não sei quando será...a senhora era tudo para mim e sempre soube disso...
Minha querida, minha amada, minha inesquecível Luzia... a senhora não tem noção da falta que eu sinto, do vazio que a senhora deixou aqui em casa, tudo me lembra a nossa história. Do amanhecer, até a hora de dormir, sempre há um detalhe que me traz a tua lembrança e me enche os olhos de lágrimas... Sinto falta do teu cheiro.  Sinto falta do teu abraço, de deitar minha cabeça em teu colo, do teu beijo de boa noite e de ouvir: “Durma com Deus Cintinha, qualquer coisa chama a vó!” e daquela tua velha mania de sempre achar que tudo acabaria bem... Coisa triste, aos poucos teu cheiro está sumindo das roupas, eu sei porque já adormeci chorando muitas vezes abraçada com elas...
Sinto falta do teu carinho, da tua eterna preocupação, sinto falta do teu amor sempre tão expressado em gestos e palavras... (meu Deus, como dói...)
Eu sei que se a senhora estivesse aqui, vendo meu sofrimento, certamente diria:
-“Levanta a cabeça Cintinha, a vida é assim mesmo!” “A vida continua!”
Sim, eu sei amada, mas para mim a vida perdeu muito do seu sentido... Fiquei sem chão, estou reaprendendo a viver...
Quando a senhora se foi, eu não perdi “apenas” uma avó. Eu perdi uma mãe que me criou desde que nasci e que morava comigo há quatorze anos. Perdi uma amiga, conselheira e confidente, e o mais doloroso de tudo: Perdi a certeza de um amor incondicional.
Eu sabia que não havia nada que eu fizesse que pudesse
fazer-me perder o teu amor.  Sabia que a senhora me via com lentes cor-de-rosa, amenizava os meus erros e ouvia as minhas tolices com um sorriso complacente nos lábios. Dizia que eu era uma “criançola”, que não havia amadurecido e ríamos juntas porque eu dizia que todo neto criado por vó é assim, fica muito mimado rss... Às vezes eu ficava te observando dormir a tarde e a senhora “sentia” a minha presença, e dizia: “O que você quer Cintinha?”
Eu queria me deitar com a senhora e a vó sabia disso (risos) dizia:
-Deite com a mamãezinha, deite!”  E eu abraçava teu corpo, ficávamos assim, quietas, juntinhas, ouvindo a respiração uma da outra, enquanto a senhora acariciava meu rosto, meus cabelos...então batia um medo e eu implorava:
“-Vó, nunca me deixe, eu não sei viver sem a senhora...”.
“-Eu sei filha, mas um dia a vó vai ter que te deixar, ninguém fica para semente”.

E esse dia chegou...

Tudo aconteceu tão rápido! Em menos de quinze dias eu vi a luz dos teus olhos se apagando... Uma queda, uma cirurgia, um  infarto, depois outro, e o último e fatal...
Na quarta-feira quando a senhora deu entrada na UTI, quem te visitou aquela noite foi a “Criançola” a tua “Cintinha”, segurei tuas mãos e implorei que lutasse, que fosse forte e não me abandonasse! 
Eu ainda disse: “Promete vó? Promete que vai lutar?”. A vó respirou fundo e  disse que sim.
No dia seguinte, muita coisa mudou. Soubemos que haveria sequelas. Que a senhora nunca mais andaria, logo a vó, sempre tão independente!!!
Isso nem seria “problema”. Já havíamos contratado uma enfermeira e faríamos uma reforma aqui no teu quarto, para acolher a cadeira de rodas. Eu iria te trazer para casa o quanto antes meu amor...Eu estava determinada a cuidar da senhora até o fim...Eu fiz tantos  planos... nos imaginei em mais um inverno, juntinhas, aquecedor ligado, chazinhos de camomila, comendo biscoitos e vendo filmes de bichinhos...
O que doeu mesmo foi saber que a senhora havia confidenciado a uma vizinha que estava cansada, muito cansada... a senhora estava sofrendo, sentia dores na perna fraturada, sentia dores no peito devido aos infartos, e sofria porque estava bem lúcida, entendia tudo que estava acontecendo e o que ainda estava por vir... Meses, talvez anos "no fundo de uma cama"...
Mas toda vez que eu perguntava se sentia dores, a senhora dizia que não... minha querida, sempre tentando me proteger...
Então no dia seguinte, quem te visitou na UTI, já não era mais a “criançola” que a senhora lutava para poupar do sofrimento.  Foi uma mulher que amadureceu de um dia para o outro, que mesmo sangrando, precisava te liberar daquela “promessa”... eu não tinha o direito de te pedir tamanho sacrifício, seria muito egoísmo!  Chegando à UTI, vi seus braços roxos de tantas picadas, o corpo frágil, todo machucado... com muito jeitinho eu disse: -Vó, se por acaso a senhora estiver sofrendo muito e Jesus vier lhe buscar, não tenha medo de me deixar, eu sei me cuidar, eu ficarei bem. Fiz-lhe algumas promessas que só eu e Deus sabemos e depois conversamos amenidades, sempre de mãos dadas.
Apesar das marcas no corpo, ela estava disposta e corada. Estava muito lúcida e perguntou de todos, pediu que eu cuidasse da minha mãe e até que eu fosse paciente com a nossa cachorrinha que é bem velhinha rss. Minha vó era assim, sempre preocupada com tudo e todos, um dos seres humanos mais carinhosos, prestativos e amorosos que eu já conheci. A hora da visita acabou. Beijei suas mãos, ela beijou as minhas.
Pedi que colocasse suas mãos em meu rosto, como sempre fazia...
Antes de sair, eu disse:

“Vó, a senhora é o grande amor da minha vida!”

E ela respondeu “E você, o meu! Vou te amar até a morte!”

Essa foi a última vez que nos vimos. Na manhã seguinte, seu meigo coração parou de bater.

Quando soube da notícia, fiquei em estado de choque. Virei-me na cama e pedi que me deixassem dormir, pois assim eu acordaria daquele pesadelo. Não acordei.
Então me ajoelhei a agradeci a Deus pelos 85 anos de vida que Ele concedeu a minha avó e pelo privilégio de usufruir de sua presença generosa e cativante.
Tenho tentado recolher meus caquinhos, suportar a ausência e recomeçar. Adoeçi, mas estou me tratando, prometi para minha querida que me cuidaria...
Não é fácil... no dia que sepultei minha avó, fechou-se um ciclo, algo dentro de mim se apagou...nunca mais serei a mesma.  Sei que lamentarei sua partida até o fim dos meus dias e que assim como ela disse eu também  “vou amá-la até a morte”
Esperarei pacientemente no Senhor, até o momento do nosso reencontro, até lá, serei metade, jamais inteira, pois me falta um pedaço, me falta a Luzia...
 

Obrigada  por tudo viu minha AMADA?

Com amor, da tua Filha: Maria Luzia
Netos: Cintia, Daniel, Marilda, Sarah e Monica.
Bisnetos: Michelly, Thiago, Jéssica, Vinícius, Gabriel, Marco Aurélio e Nathan.
Tataranetos: Estefanny e Luis Gustavo

A senhora marcou as nossas vidas para sempre, obrigada por todo bem que nos fez, todo carinho e cuidados, todo afeto e dedicação.! 


*Pensando bem, não te direi “Adeus”,
te direi apenas “até breve” Luzia, Meu Grande Amor...
Beijos e lágrimas, saudades imensas, da sempre tua,
 
Cintinha...



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http://www.youtube.com/watch?v=4NVhBmzEaZI

*Ressuscita-me  -  Aline Barros


**Essa música marcou nossos últimos dias juntas...

Pedi tanto um milagre, sem entender que o nosso amor

era  o maior de todos os milagres....







*Que LINDO presente,  obrigada meu amigo poeta!

"Vózinha: não se vá//
Vózinha:não me deixe//
Quem vai me acalentar?//
Quem vai afugentar os meus medos?//"

*ZECA REPENTISTA



L uz divina

Ú bera que nos ensina

Z elar com carinho...

I sto que nos chama:

A mor!

*Acróstico presente da minha grande amiga Gio Amor.

Obrigada querida! Te amo! ♥

 
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Carinhosa
Enviado por Carinhosa em 16/06/2012
Reeditado em 12/06/2013
Código do texto: T3727228
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