Presumo meu estado

Ninguém mensura a dor que permeia os horizontes de minh’alma, nunca pensei que fosse tão difícil de dizer isso, mas acho que você consumou o que desde há remotos tempos já projetava executar, sem saber, talvez, inocentemente, o que tal poderia gerar em ambos os lados, principalmente na fragilidade emocional a qual você mesmo me submeteu. Estou arrasada, quebrantada, sem forças para submergir desse tsunami. ESTÁ CONSUMADO! O que você queria já foi concluído e imperfeitamente, desgraçadamente destruiu minha estrutura moral e psicológica. Pondo à vista mais um copo de lágrimas que restou do prazer, que me embriagou como uma dose energúmeno, psicodélico quase letal.

Sinto na pele que a história já acabou. Acenda um fósforo a crucificação vai começar. Não sei se depois de tal ainda vai sobrar algum resíduo para ser enfaixado, pelo menos. Retalhos de uma carne fragilizada, de uma emoção proibida, de uma adrenalina perigosa, de um prazer suspeito e arriscado. Forçando uma relação que gera confusão mental e asfixia meu espírito. Decisões consideradas precipitadas de um lado e aliviantes de outro. Forço uma continuação de vida, sugo resquícios de ar, espremo um fôlego de vida inútil, surtos de uma vã esperança. Vida em êxodo psicológico inesperado, metamorfose dolorosa impactante. Já poderia ter previsto o caos em que isso iria acabar, mas fechei os olhos para tudo, para o mundo, e mergulhei de cabeça nesse labirinto que ainda procuro a saída, o escape desse sofrimento.

Não aprendi, não me preparei suficiente para superar dores tão fortes, nem paladar aguçado pra resistir a venenos tão amargos e suportar dores tão cruéis que dilaceram meu âmago. Ainda estou em processo de óbito passional, lento, desumano, pungente, compungindo-me ao cárcere, à sarjeta dilacerante de almas aflitas. Amargura suprema irradiante e marcante para os que me rodeiam. Para os ativos, visão da impossibilidade de retorno de uma dimensão longínqua satirizada por metáforas, saturadas por guerras de secessão. Pseudo-humanos, personificações de hipocrisias, conjugadores de sofrimentos, colecionadores de ruínas, mediadores de pseudópodes da dor e prenunciadores de tormentos. O tédio e o fracasso não mais me surpreendem. Essa situação faz-me fugir os sentidos conscientes. Saí-me na pior. Concluo sem forças para continuar e com a que me resta fazer pulsar meu órgão vital para FUGIR dessa situação.

Karen de Araújo.

Karen de Araújo
Enviado por Karen de Araújo em 11/06/2012
Código do texto: T3718604
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