Tempo de resgate
 
Sem que nada soubesses de concreto, não é fato que lançaste à fogueira aquela que não entendias?
Não ficaste perto das labaredas esperando que fosse queimada aquela alma tão viva?
Lembra-te de quando em reuniões secretas, ajudaste teu coração tão convencido pelo ódio, a colecionar matéria-prima que mais facilmente destruiria aquela que não entendeste?
Então porque agora tu lamentas diante da fumaça em que aquela alma desconhecida supostamente se esvai em nuvens?
Deverias bailar em volta da tocha em que transformaste aquele espírito, que por não entenderes, tu sentiste o sábio dentre todos os sábios e lançaste ao inferno do seu furor.
Pretende, agora, com um simples assopro dos teus lábios ressequidos que as chamas se apaguem e aquela alma esteja intacta para ti?
Quem foi mais insensato que tu, ao te dares a querer entender, sem que nada mais soubesse além do seu orgulho riscado por um grão de areia?
Espera com veracidade que aquela a quem, em profundas vaidades e iras queimaste, simplesmente caminhe em tapetes de rosas em tua direção?
Acredita que escutarás risos alegres porque enfim caíste aquém do teu despropositado ódio pelo qual mataste um sonho?
Eis que venho a ti para dizer que aquela a quem condenaste de forma ultrajante não perdeu a alma, tampouco o corpo, mas foi levada num tropel de outras almas aladas e aqui já não habita, e que deseja, no seu mais profundo ser, que tu encontres a paz, a mesma que dela obstinadamente ousaste querer tomar, não porque é uma elevada alma, mas porque não quer se ver igualada a ti num aviltamento abismal.
Rose Stteffen
Enviado por Rose Stteffen em 08/06/2012
Código do texto: T3713493
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