Carta Para Larissa
Larissa
São Paulo, 27 de abril de 2011.
Querida Larissa, gostaria muito de poder lhe ver, mas a distância entre nossos mundos é absoluta e o abstratismo que nos separa é maior que a nossa realidade. Então, venho através desta humilde missiva elucidar alguns dos meus sentimentos que, talvez, agora, para você não tenha tanta importância.
Tenho passado por maus bocados, mas não estou reclamando, confidencio isso a você por confiar em sua sensibilidade. Porque são os momentos sôfregos que a saudade salta do peito, inflama o corpo, incha o coração e razão começa a aflorar e a gente começa a ver com mais clareza os diamantes que foram perdidos com o tempo, por pura tolice.
Você, a sua maneira desvairada, era a minha amiga e amante dileta. Claro que naquele tempo eu não sabia, por estar vivenciando um momento cético da minha vida. Você me entendia muito. Bom... também as dificuldades que passara a fizera a amadurecer, e pelo fato de eu ser menos experiente ajudou muito, já que a sua sensibilidade e percepção femininas são maiores que qualquer inteligência minha ganha com o período em que estou nesta terra.
Os seus olhinhos, olhinhos castanhos intensos como duas bolas de esperança, quando me fitavam, agora vejo, saltavam, cintilantes de felicidade ao me ver. O mundo ao redor se fechava para você e o que importava realmente era somente eu. A paixão ficava explícita de tal maneira que até o ser mais insensível podia sentir. O seu corpo trepidava, tinha espasmos internos quando as nossas peles se tocavam e nós sentíamos o calor um do outro. Lembro-me de nossos lábios se tocando no ardor da paixão. Hoje, percebo que aquelas convulsões que você sentia era amor, o puro amor que brotara num dia qualquer de um momento errado.
Entre a minha tolice, machismo e perturbações da alma, não sei direito o porquê ou qual o motivo, dentre os meus medos e complexos, fui cético para com o seu sentimento devoto; e hoje eu pago por tal idiotice.
Só gostaria que soubesse que ainda lhe guardo em um cantinho do meu coração como uma lembrança boa ou talvez ainda mais que isso; que soubesse que as minhas lembranças são boas e que o meu sentimento é puro. Você é para mim mais do que imaginou e eu fui medroso demais para admitir.
Desculpe-me, por favor.
Mênfis Silva