dentro dos seus olhos,
não vejo nada. Não vejo nada além de uma enorme bola de vácuo que me atinge em cheio num raio de cem e mais milhões de milhas. Mas eu me sinto… Dentro dos seus olhos não vejo íris multilada pelos céus, não vejo cor de escape nem saída de emergência. Não vejo alma tampouco vida para-todos-sempre. Não vejo explicação para os meus problemas pendentes nem solução alguma para o meu pôr-do-sol sem vez. Mas eu me sinto desnuda de todas as vezes que senti frio no calor de quarenta graus. Às vezes espremo bem a vista para tentar achar algum sentido e não vejo motivos para continuar. Tampouco vejo sua sombra porque você é a própria sombra. Quebro espelhos porque nos seus olhos, que não me mostram nada do que você é, dizem mais do que sou do que eu mesma poderia dizer. O seu par de pérolas me desencoraja porque não desvendo nenhum mistério e muito menos sei quantos muros preciso pular para chegar até o outro lado. Mas, por hora, eu não acredito mais em outro lado do muro porque algo me grita forte e afirma que não existe algo além daqui. Dentro dos seus olhos eu não vejo razões, não vejo nexo nos meus pés se posso voar a qualquer momento, não vejo vontade de falar porque todas as minhas palavras estão presas no seu par de brilhantes. E se eu tivesse frases para te dizer, eu te diria: “sinta o peso das minhas palavras como eu sinto o peso do seu olhar”. Mas não há palavras. Não há mais nada. Então você me olha mais uma vez e eu espero você dar o próximo passo…
…que é pra longe de mim.