Negras mães.
Não mais a alva mãe de rósea pele mas antes a negra mãe, de secas tetas e magras a alimentar bocas sedentas e infâmes; reles corpos e peles negras e flacidas, dementes criaturas. Temerosas mães a embalar suas crias, a proteger-lhes como um troféu de carne e osso e pouco, ou quase nada esperais receber de adulta vida. Vós, que tantas vezes na fome e na sede, no temor de violentos retornos protegestes, com a vida em risco teus filhos; que carregais nos ventres os sonhos e os desejos, anjos meninos, teus filhos. Que calada tantas vezes sufocais choros e gritos surdos, que da miserável vida entregais os sonhos a estes tão pequeninos e frageis. Vós, que de Marias e Anas fizeste rainha, santa mãe.De mulher se fizeste operária, da vida e do mundo para alimentai os vossos filhos, que de súplicas e orações os foste visitar em presídios e hospitais, que chorais , silenciosa tantas noites em preces e ainda assim, ante humilhações e sofrimentos e dor e lágrimas permanecestes mãe, rogai por nós.