Querida Milenka Papilio D'Ester
Se...
Se eu pudesse me redimir de meus erros...
Ao menos dos erros que cometi em relação a ti, meu Senhor e meu Deus!
Como eu anseio por isto!
Mas a cada dia que passa mais distante estamos, mais distante ficamos, a cada segundo mais fraco e mais sinistro sinto-me por tudo, pelo o que não foi dito, pelo o que não foi explicado, por tudo que deveria ter sido e não foi...
A noite se aproxima, fria, cada vez mais fria, estou só, completamente sozinho, em total abandono.
Logo eu que até para vir a este mundo tive que ter companhia desde o útero de minha mãe por não suportar um único segundo de solidão.
Solidão de não ter com quem falar, de não ter com quem compartilhar tudo o que sinto: alegrias, tristezas, satisfações, dores, conquistas, descobertas, fracassos, tantas e tantos...
Simplesmente alguém com quem falar, com quem conversar, alguém a saber-se seu amigo, seu companheiro, ombro em que pudesse repousar minha cabeça nos momentos de intensa confusão.
Mas sei que não posso mais contar contigo!
Não sabes mais de mim, rejeita-me, compulsivamente.
Ignoras-me...
O que poderia eu fazer para consertar isto?
Não sei!
Nesta altura tudo está perdido, nada há a ser feito que venha a ter o poder de tocar teu coração, de fazer surgir um mínimo de atenção, de compaixão.
Quem sabe, algum dia, talvez quando se fará tarde, muito tarde...
Vladimir Vladimirovitch