Um bilhete para minha mãe
Minha mãe
Sinto-me órfão daquele olhar meigo, protetor
Sempre fui uma grande parte da razão de sua vida
Seu rosto, não sai do meu pensamento
Sua ausência é o meu constante sofrimento
Busquei meus sonhos, construí minha vida
E muito jovem, me tornei seu protetor
E seus olhos me abençoavam com amor
E quando conheci caminhos diferentes
Quando andei por terras distantes
E seu coração ficava partido de dor
Amor materno
Coração sincero
Mãe, ainda não me acostumei viver sem sua presença
Ao mesmo tempo não posso conter minha alegria
Em poder lembrar-me de que todas as suas repreensões
Fizeram de mim, o homem e o pai honrado que sou
Não há como descrever um amor de mãe
Mais difícil esconder lágrimas contidas
Quando me feriam, ela sangrava
Quando me faziam feliz, seus olhos brilhavam
Se eu chegasse de madrugada, ela se levantava
Descabelada, sonolenta, cansada e me perguntava
Seu prato de comida está guardado filho,
Quer que eu o esquente?
Me conhecia, como se conhece a palma da mão
Um olhar no meu rosto triste e os conselhos chegavam
Prontos, na medida certa
Nem sempre eu agradecia, coisas de jovem
Depois que a perdi, nunca mais fui o mesmo
É um castigo amargo viver como órfão
Mãe, hoje vejo minhas filhas, mas elas não me vêem
Meu ombro amigo parece mais uma coroa de espinhos
Meus ensinamentos, respondem com um lamento
Perdoe-me eu não aprendi a dar as minhas filhas o mesmo amor
E o mesmo carinho que sempre tive em você.
Talvez porque falte a um pai, o mesmo calor humano
Que reside no amor materno.
Mãe, ouça-me, ajude-me, aconselha-me
Ensina-me mais
Volte pra minha vida