Perdida em ti.

Poderia eu saber, senhor, o porquê de ter solicitado minha presença por esses cantos de cá? O senhor sabe que não ando muito bem em relação a todas essas coisas de amor e esperança. Eu estava com saudades suas, obviamente. Passaram-se três anos desde sua última visita. Diga-me, portanto, o motivo de sua convocação. Precisa de mim para alguma coisa? Seja breve, por favor. Avaliarei seu pedido, farei-o (ou não), e sairei novamente. Não precisamos de mais um longo diálogo recheado de saudades e tristezas, e de lágrimas e dor, e de sorrisos que só durarão um dia, e de lembranças que durarão a eternidade.

Eu sei que não importa agora, mas, assim que recebi seu pedido de visita, tive o coração queimado por chamas fervorosas que gritavam o seu nome. Eu nunca me esqueci de você. Passei dias lutando contra essa incessável vontade de subir ao céus para facilitar minha procura por seus louros e macios fios de cabelo. E não era certo, eu sabia, mas o que vivemos juntos não pôde ser deixado de lado. Perdoe-me, perdoe-me. Sei que você nunca quis ouvir tudo isso. Não vim até aqui para dizer isso, eu sei. Imaginava ser carregada no colo, enquanto seus lábios tocavam os meus e suspiravam de saudades minhas. Foi ilusão, senhor, eu sei, eu sei. Diga-me o que queres, por favor. Eu tenho que ir embora, minhas pernas vacilam. Eu devo sair, meu coração chora. Eu preciso seguir, não é seguro aqui. Mas o senhor sabe: não sei viver sem ti.

Raíssa César
Enviado por Raíssa César em 04/05/2012
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