ÁLBUM DE RECORDAÇÕES

Lembro de um caso, no Orkut, que me deixou sem graça. Uma antiga namorada de há mais de 50 anos dos jogos de "affaire" (um bom tempo, não?) queria tratamento pessoalizado nos "scraps", buscando intimidades temporãs. Reclamava que eu só lhe remetia textos em prosa e verso, apesar de não remetidos “em massa”, todavia nenhuma palavrinha pessoal... E talvez tivesse razão quanto ao pedido, porém tenho horror de encrencas ou “rolos” afetivos, porque já os tive muito em minha vida aragana, teatina – quando divorciado – antes do segundo casamento. Isso há mais de dezoito anos, quando fiz algumas promessas de fidelidade espontânea, lisamente temporonas... Minha preciosa amada de há mais de meio século – mãe e avó dedicada, creio como certo – vive em minhas doces memórias, num zelo de álbum de família... Continua a mesma menina doce e afetiva. Mora em minha terra natal, e não nos vemos há mais de 30 anos. Ela nem sabe o quanto a quero bem e como a respeito como pessoa. Conclusão: quase nada escrevo a ela, hoje em dia, por não ter o que comentar confidencialmente... Entretanto, a cada vez que a relembro, redobram as memórias dos bons tempos de descobertas, cabelos ao vento, nos jogos do amar – a inesperada rosa-dos-ventos dos caminhos e a caixinha de música da adolescência. O feminino é inexplicável... Porém, poucas pessoas me deliciam com uma timidez sem burca no rosto, intensa e fácil coloquialidade ou chamam a atenção pelo refinado humor, como é o teu caso. Obrigado. Continuas muito bem-vinda no meu coração antigo...

– Do livro ALMA DE PERDIÇÃO, 2009/12.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/3644780