Deus, as palavras que saem de minha boca...
Deus, as palavras que saem de minha boca são verdadeiras, como sei de suas promessas.
Porque eu sinto a liberdade da estase dominar meu semblante e enriquecer meu paladar.
Como pássaros que fazem seus ninhos e migram no inverno para um novo lar. Um lar desconhecido, mas importante em suas vidas.
Como folhas que caem ao chão e cobrem meus pés. E esta chuva que molha os fios dos meu cabelos, ensopam minha roupa e me dão calafrios.
Eu sinto calafrios constantes só pelo que digo; imagine-me quando eu estabeleço as atitudes...
Mas, Senhor, eis que sei que tudo isso faz parte da evolução, das nossas maturidades de anseios.
Meus pares de sapatos podem ser velhos e encharcados, mas que meu coração seja o velho humano de sempre.
Aquele que se importa, por mais que não se importem com ele. Mas, Senhor, que ele seja vital, como todos os seus sinais de vida.
Como as cegonhas que carregam seus filhos, Senhor, carrega-me, pois às vezes temo o tempo que envolve minha mudanças e minhas rotinas.
Porque nós, seres humanos, temos medo de mudanças. Oh, Pai, talvez seja porque nunca tive um lar constante. Nunca soube se meu travesseiro iria se manter na mesma cama que meu corpo se deleita.
Sabe, a dúvida é como lodo, prestes a nos fazer afundar pelas interrogações e apavoramentos constantes.
Sinto-me, Senhor, num mar de gente que me arrasta pelas profundezas desconhecidas do aborrecimento.
Renato F. Marques