A folha dos sonhos
Deves está percebendo a minha insistência em escrever-te cartas e deixá-las guardadas. Para quê? Nem eu mesma sei. Acontece que desencadeia em minha uma tremenda vontade de te ter, falar, possuir... Que despejo-me nesse papel, que já amassado agoniza comigo a perda, o despedaçar e a solidão.
Por que fizeste isso comigo amor? Por que deixaste-me aqui sem ao menos ter esperanças que venhas a voltar. Eu não tenho mais forças para aguentar sozinha, me cansei dessa loucura de idealizar sonhos e inventar promessas que na verdade nunca existiram. Sou eu a maior culpada de tudo, do seu cheiro, do seu gosto, de você existir em mim. Sou eu a mais fraca em arrancar-te do meu peito, do meu coração. Onde estás meu amor? Por favor diga-me. Farei um esforço e não mais voltarei aqui, para que sintas a minha falta e pare de martirizar tanto essa dor.
Não posso obrigar-te a voltar se nunca esteve aqui, a verdade é que sou louca, completamente louca pelo príncipe que criei para falar-lhe de amor.
A metade de uma laranja que declarou-se para uma folha que inventara para não amar sozinha.