Carta aos que desacreditam no amor
Outrora eu escrevia sobre o amor, transcrevia a paixão. O papel era capaz de ouvir os batimentos do meu coração. Fechei-me, passei a escrever sobre o que me restou, descrevendo os sentimentos conturbados que me acompanharam em meu caminho.
Era como um jardim, que aos poucos ia morrendo. Mas eu o regava, admirava cada flor, cuidava para não me arranhar com algum espinho. Porém, por um descuido eu me feri.
Reguei as flores com o meu próprio sangue. Dei cor a elas, fiz com que tivessem vida, e sei que eram felizes. O vento batia e eu as via dançar, pétalas coloridas alegravam os caminhos, enfeitavam o chão, faziam os pássaros cantar!
Mas naquele dia ventou demais, e após uma profunda tristeza o jardim perdeu a cor, secou, e nele só restaram os espinhos. Já não era mais bonito, tampouco vivo. Assim como o amor, que foi enterrado nesse mesmo jardim.
As estações mudaram, as folhas secas caíram, vieram as chuvas, o sol, e novamente a primavera... Nova vida!
O tal do amor ainda está enterrado ali, e eu posso sentir o ar pesado quando ouso caminhar pelas flores. Temo pelos espinhos. Mas as cores são tão vivas, as pétalas tão perfumadas que acho que entendi o que queriam me dizer. O jardim superou a tristeza e agora está ainda mais encantador.
Senti uma gota d’água em minha face, olhei para o céu e vi as nuvens carregadas. A tempestade veio pra lavar a minha alma, renovar minhas esperanças, e novamente, brotar o amor em meu coração.
Tempo! Como eu lhe admiro! Com paciência libertou meu coração. Todos aqueles sentimentos conturbados dissiparam.
Um vento me trouxe a calmaria, que agora se faz presente em meus dias. Hoje tenho o amor como uma constância em minha vida, e com ele sinto a verdadeira paz, que me faz enxergar a beleza dos detalhes... E hoje, é isso que mais me fascina!