A vergonha que vamos ter dos nossos filhos
A vergonha que vamos ter de nossos filhos
Querido filho, escrevo agora para pedir-lhe perdão por tudo que fiz para que você tivesse um péssimo lugar para viver. Não sei se peço perdão por tudo que fiz ou por tudo que deixei de fazer. As vezes em que não lutei contra a corrupção, as vezes que não falei o que deveria ser dito provando que o silencio dos inocente é o maior combustível para o mal. Por não me preocupar com o meio ambiente achando que isso fosse radicalismo dos ambientalistas, por não ser um ser humano melhor que praticasse o bem todos os dias e com isso, fortaleci uma sociedade pautada em valores capitalistas que me fizeram enxergar as pessoas pelo que tem, e não pelo que são.
Me perdoa meu filho, se hoje, sua atualidade e meu futuro é um mundo desgraçado em que se compra um carro para ser digno de respeito. Me perdoa se o verde de nossa bandeira não faz mais sentido e você não entendi por que ele esta ali. A publicidade nos vendeu um mundo imediatista, em que a vida passa rápido demais, nos apressando a fazer, usar e consumir tudo de uma só vez. Sim, é verdade que a vida passa rápido demais, mas isso não significa que tenho que acabar com tudo em função da minha existência.
Me esqueci que tão importante quanto uma vida plena é a continuidade da humanidade, o respeito ao que nos dá sustentação e que somos apenas raízes de tudo que esta por vir. Me perdoe filho, tenho vergonha de você, por que o sofrimento de hoje é fruto da ausência de valores do meu tempo.