A última carta, o amigo se foi ...
A última carta, o amigo se foi ...
Chegamos enfim a ultima carta. Escrevo-a, nesta manhã de domingo, lembrando-me de quando lhe escrevi a primeira, e analisando como este sentimento me fez amadurecer. Entre uma linha e outra, relatei a você e aos meus amigos leitores um pouco daquilo que o ser humano sente quando lhe invade o peito um sentimento que ele tem medo de dar nome: medo de achar que é amor, porém, sabe que é bem mais forte que amizade.
Antes disso tudo acontece, me achava tão forte, tão inabalável, mas por sua causa agora sei o quão pobre é a nossa estrutura emocional, o quão fraco é a carne, pois quando está amando, nada mais lhe importa, entrega-se sem pensar nas cicatrizes que virão depois, e demorarão a sarar. Nem sempre tudo aquilo que planejamos torna-se real, pois como diria meu amigo Drummond, no meio do caminho sempre há uma ou duas pedras. Mas o pior pra quem estar amando é saber que o amor é um sentimento egoísta, pois, quando acaba, não cede seu lugar a outro sentimento, deixa o vazio.
Quantas e quantas noites tentei dormir, mas a lembrança do seu rosto não me deixava sossegar a mente, não me deixava pensar em outra coisa que não fosse no que falar pra arrancar um sorriso teu no dia seguinte, qual assunto seria mais interessante falar contigo, o que poderia fazer que te agradasse mais, te mantivesse mais próximo a mim. Tenho o vil pensamento que nesse período não vivemos ou pensamos por nós mesmos, vivemos para ao menos tentar fazer feliz outra pessoa, que muitas vezes (como no meu caso) nem sabe do nosso sentimento por ela.
Tem gente que tem todo o tempo do mundo para amar, mas não tem um alguém para ofertar seu amor; assim como também tem aqueles que tem um ou mais amores, mas além da falta de tempo, muitas vezes não tem a coragem de falar para eles, lutar por eles. O tempo, muitas vezes vilão, muitas vezes o remédio para nos ajudar a esquecer os amores por ele trazidos. Muitas vezes a prisão, algumas a válvula de escape, que nos faz viajar e imaginar planos que jamais acontecerão, e por ele mais uma vez serão levado.
O amigo se foi, mesmo sem saber do meu sentimento, mesmo sem saber das várias outras cartas escritas nas madrugadas por sua causa, deixei ele ir. Espero uma vez mais lhe ver, meu caro amigo. Um dia , quem sabe. E que dessa vez você não precise mais ler minhas cartas, apenas se sente e ouça, com atenção, o que ainda tenho a te falar, meu amigo ...
Alex Costa,
04/03/12