Tratado sobre o limiar do obscuro e do luminescente
[Se demônios abusassem da retórica este seria o resultado, temo eu.]
Tratado sobre o limiar do obscuro e do luminescente
Qualquer empenho de tentar elucidar os últimos apuros de meu insano cuidar, deve ser considerado um vil esforço lançado a um vazio de incertezas. Mas devo a esperança de ser humano a relutância e teimosia. Mas logo aviso, meu caro leitor, que não quero afundá-lo em trama de demência, por isso peço aos fracos de lógica que deixem seu arrojo de valentia e vão ocupar a cabeça e o resto de suas vidas, e que não cruzem olhos com este manifesto.
O flamear febril de meus dedos pede licença à consciência para organizar o que, há muito, deve ser considerado. Trombetas, soar de coléricos sinos, ribombeios e outras alquimias sonoras são próprias ao anúncio: o que é o bem é mal. Sinta o pulo astral do verdadeiro peso moral que se deu a sua consciência, se não foi assim leia de novo a denúncia que fiz na sentença anterior. É normal que soe vertiginoso a heresia que levanto, mas é possível prosseguir até com um ínfimo de vontade celibatária, é o que quero crer.
É o embate caótico da luz contra a escuridão que mora em todas as coisas, de um extremo ponto da nebulosa mais próxima a um qualquer debate ideológico que ocorreu em tempos remotos, ou bem como é relatado, Iluminismo.
Pare e estude as causas deste encontro de forças opostas: perceba que a única atividade é a luz, já seu oposto é inativo. A escuridão está quieta, e muito bem se aloja na inércia, enquanto a luz, por mais branda que seja, desfere ataques e afugenta seu reverso. Não há se quer revelia, por parte do breu, contra as forças da alva luminosidade. Como algo que mostra-se tão indefeso pode ser considerado tão impostor.
Mas bem lhe acerto, amigo meu, que o argumento contrário ao bem mora no paradoxo, se colocadas as imposturas, até verbais, que, em propriedade, contrariam-se, há a boa análise deste fato. Até a conclusa obra testamentária judaica, lança-me à ideia de que antes mesmo do otimismo daquilo que os monoteístas chamam de verbo, já vivia, e vivia em plena forma, seu extremo oposto.
E se tabelados os ganhos e as perdas, ou figurado o domínio de cada qual, teremos então indiciado uma grande vitória ao contra-lampejo. Este que domina a maior parte do universo, sem franco esforço, guarda os louros mas não comemora.
O que quero lhe afirmar, ó bondoso que lê a este desaforo de periodicidade indubitável, é que há uma luta pela sua consideração moral. Qual das alas ter para si?
Questionavelmente,
Baal.