UM DRAGÃO NO MEIO DA NOITE

De: CASA DO POETA BRASILEIRO DE PRAIA GRANDE - SP

Para: Joaquim Moncks

Data: 20 de abril de 2011 20:00

Assunto: "A HISTÓRIA É FEITA DE FATOS".

Correção feita Mestre. Quando publicar o artigo pretendido nos informe para que possamos divulgar no nosso site, ok? Gostaria de ter uma proximidade maior com as demais Casas de Poetas. Meu sonho é fazer um seminário, congresso ou qualquer outra coisa que nos permitisse um dia, estarmos todos sentados a mesma mesa, num saudável encontro poético. Um abraço! Celso Corrêa de Freitas e Diretoria.

De: Joaquim Moncks

Para: CASA DO POETA BRASILEIRO DE PRAIA GRANDE

Data: 20 de abril de 2011 22:53

Assunto: Conferir "A HISTÓRIA É FEITA DE FATOS".

Ok, Celso! Grato pelo atendimento do pedido de correção. Já vi e ficou legal. Assim que vir a publicar o artigo, te farei a remessa, OK? Falaremos mais sobre o evento por ti idealizado, quando de nossa ida até aí para o lançamento da 2ª Antologia, se tudo se viabilizar quanto a hospedagem e alimentação patrocinada por mecenato local. Perdão, mas é necessário tal apoio. A POEBRAS não tem verbas próprias e nem subsídios. Tudo o que houver de dispêndio corre à conta de meu bolso.

Também gostaria que pudéssemos realizar um Encontro Nacional de Casas de Poetas, a exemplo do que ocorria quando dos três primeiros Encontros Latino-Americanos de Casas de Poetas, em Nova Prata, 1990/91/92, no RS – em que reuníamos no maior auditório local, o do Cine Lux – mais de 1.000 (mil) pessoas pra nos ver no palco, declamando, lendo, atuando em performances de poemas, na escultura, no artesanato, no cartunismo, no teatro de rua, em cenas de dramaturgia de ocasião.

Era uma festa inusitada na cidade, com o povo participando até na cessão graciosa de colchões, travesseiros, lençois, cobertores, toalhas e até de chinelos, tudo com a etiquetinha da família que concedera o empréstimo das peças para os alojamentos (gratuitos) para os escritores inscritos no evento.

O Congresso de Poesia ocupava ginásios públicos e privados, salões (amplos e enfermarias) de hospitais, alojamentos da estação de esqui, quartos de hotel para os palestrantes, casas de família, escolas, as quais exigiam a presença dos seus ícones, encarregando-se de palestras e saraus para convidados especiais, etc...

Tudo isso foi pras cucuias quando um grupo teatral de Belém tomou todo o "santo daime y otras cositas más" que trouxera na bagagem, e "se pelou no palco", para o horror de crianças e adultos, frente a uma sociedade interiorana e naturalmente conservadora. No pleito de 1992, um ex-prefeito, Vitor Pletsch, candidato pelo Partido da Renovação Nacional - PRN, partido do presidente Fernando Collor, derrotou o prefeito da época, que propusera à Câmara de Vereadores a efetivação do Encontro. Utilizou (e detratou), na campanha, o fato da despudorada cena no palco, mesmo que tenha ocorrido por volta das 23h30min, horário em que, numa cidade do interior, os habitantes usualmente estão recolhidos aos seus leitos.

Porém, durante o Encontro de Poesia a cidade não dormia... Adultos, jovens e crianças tinham O NOVO a lhes encher os dias... A cidade era um dragão fumegante com alguns São Jorges a lhe queimar as ventas. Os “clowns” e bobos-da-corte tomavam a cidade de assalto e o povo comprava livros e “bottons” de todos os tipos. Todos bebiam a novidade no meio da noite... Alguns, de ressaca, dormiam o dia inteiro.

Passamos anos sem o Encontro, até que o retomamos em nova cidade... Agora, já a parceria com a POEBRAS se tornaria em escala menor. Começara a jorrar, para o promotor e possíveis investidores, alguns $$$$$$...

Hoje está um pouco mudado o evento, se bem que continua sendo uma boa promoção, assentada em palestras nas escolas locais, com farta distribuição de livros às bibliotecas, registrando a edição do evento do ano anterior, de modo a que se obtenha memória gráfica e textual. Tudo em edições cooperativadas de custo razoável...

Não sei se já estivesse em alguma das edições do hoje denominado “Congresso Brasileiro de Poesia”, promovido e dirigido por Ademir Antonio Bacca, e levado a efeito em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha, com o patrocínio do SESC, que tem verba pré-aprovada pela Comissão Nacional de Incentivo à Cultura - CNIC, junto ao MinC, em Brasília. Valeria a pena compareceres ao Congresso, que ocorre todos os anos no começo de outubro. É só ajustarmos data em detalhes que o faremos juntos...

E vejo com simpatia que um evento bem amplo ocorra aí em Praia Grande. Quanto mais a POEBRAS local se afirma no conceito da comunidade e ganha prestígio junto aos governantes, crescem as possibilidades de que tenhamos um evento nacional aí no Litoral Paulista.

Daqui do velho Rio Grande, vai um forte abraço aos irmãos paulistas, desejando muito sucesso e felicidades.

– Do livro AVE FUGIDIA – Palavra & Diversidade, 2011.

http://www.recantodasletras.com.br/cartas/3602809