HOJE ELE DISSE QUE ME AMAVA!
Ele disse que me ama... Que me aceita e que só quer incluir em minha vida, não retirar, eles nunca querem... Isso seria considerado uma gracinha por muitas mulheres que assistem muitos filmes da Disney e acreditam que o ogro pode sim ser o príncipe no final das contas, por muitas mulheres que nem se quer sonham que assim que desligam o celular, suspirando pelo canto porque “O homem” apareceu, ele, do outro lado da linha, já disca em seu pequeno teclado que diz não funcionar com o vigor de um garanhão selvagem, galopando pelos campos abertos e verdes pós-chuva, para a égua da ex-namorada.
As mulheres aprenderam desde os tempos de suas antepassadas há romantizarem tudo muito depressa, a verdade, é que hoje em dia tudo que é romantizado é subjulgado, nós deveríamos aprender que sexo não é amor, não é só porque eles nos comem que tem a obrigação eterna de deitar com conchinha até o braço de fulano adormecer e ele não sentir mais nossas unhas raspando sua pele... Também deveríamos entender que não é só porque nós temos idealizado o estereótipo do príncipe encantado que ele vai aparecer para nós... Até porque, pelo bem da verdade devemos assumir que mulher só se apaixona pelos canalhas; É, é isso mesmo, não adianta franzir o nariz e resmungar baixinho, aquele carinha bacana do segundo colegial que te amava não vai voltar... Sim, porque é ele que você idealiza; Sim, ele mesmo... O adolescente apaixonado que você deixou para o lado porque o amiguinho gatinho dele estava te dando mole, ele não vai voltar. Nunca.
Longe de mim não acreditar no amor, atualmente é por ele e para ele que eu vivo, respiro e como... Sim, eu como amor, estraçalhando meu coração... E o comendo em eventuais circunstancias para não perder a pose de menina-moça que sabe o que quer. Eu não. Sei que acredito no amor, não no amor hoje em dia, hoje em dia as pessoas te amam até virar a esquina e conhecer alguém mais bem vestido, com o cabelo mais atual, com o papo mais divertido... Ninguém te ama nos seus dias chatos, nos dias que você ta de porre e não quer nada de nada, só ficar deitada com seu pijama surrado, sem escovar os dentes e nem pensar em pentear o cabelo. Alguém te ama assim? A é? Ele disse isso? É mentira! Você sabe bem que é... Como é que você se sente quando ele vira o rosto? Quando ele disfarça? Quando ele não olha nos seus olhos? Quando ele muda de assunto e diz que vai te deixar descansar? Porque é isso que acontece não é? Ele diz que te ama com todas as suas vírgulas, que quer ser o teu ponto final... Mais nunca ficou ao seu lado em nenhuma das suas crises sem te chamar de louca ou dizer que você está exagerando. Não está, acredite, não está! E não, você nunca vai o entender, não vai, nem ele se entende, como é que você vai entender?
E agora, Zé... Como é que eu vou acreditar no amor? Como é que vou escrever um conto de fadas sobre eles se minhas linhas borradas de rímel já seco e com marcas de poças de lágrimas que afundam ao toque da caneta tremem diante de meus olhos? Não dá Zé... Não dá para colorir um muro que foi molhado por água fria antes de secar, não dá para fingir que eu não virei pedra, eu virei, Zé, dá uma olhada, toca aqui, tá vendo? Pedra pura da mais fina espécie, nada quebra isso aqui, nada quebra porque já está destroçado... É como uma muralha já quebrada que apenas se uniu com o passar do tempo em uma posição agradável para continuar a viver, se alinhando de forma perigosa em uma parede íngreme demais para aguentar por muito tempo... Porque você sabe, Zé, você sabe, ele sabe e eu sei... É o que acontece no final de uma história escrita em linhas tortas... A muralha caí, a muralha sempre caí.