A Segunda Vez Que Nos Conhecemos
Lá no topo do funil estávamos nós dois, olhando nossos sonhos descendo em espiral, vendo nossas utopias girando para o fundo do abismo, caindo num futuro incerto de promessas vazias e desesperadas. Lágrimas despencaram, tocaram meus lençóis e estavámos separados de um enlace contratual sem assinaturas que durou pouquíssimos dias. Imaginei que de você, por mim, adiviria um ódio por propor algo que não fui capaz de cumprir. O tempo foi passando, a atração continuava, intercalava meses de ostracismo até se tornar um fato, uma consumação do ato, do desejo, dos pensamentos, dos antigos sonhos - mesmo que por momentos efêmeros e distantes, sempre com a carga de uma culpa por parte de outrém nos ombros. E quem se importava, afinal? Quem dá o diagnóstico para que dois corpos com pólos positivos e negativos em todos os poros possíveis deixem de exercer magnetismo um sobre o outro? Ninguém dá. Amor? Não. Não sei. Acho que não. Que é o amor, afinal? O intervalo levou horas, dias, meses, anos. Encontros, desencontros. Planos do outro plano conspirando a favor - ou seria contra? Que o destino nos reserva, afinal? Truque bestial ou celestial? A saudade surge, junto com as utopias, junto com o ódio e junto com o amor. Com a atração. E assim foi, é, e está sendo. A segunda vez que te conheci. E o prazer é meu. Infinitamente meu.
Dinosaur Jr. - Pick me Up
07/07/2010