Carta ao amado em mim

Eu escreveria todas estas palavras a cor de lápis, cada traço cada ponto, pois só assim restaria em mim, ao menos um indício dessa esperança boba.

Esperança de que as verdades presentes nelas possam estar erradas, e sendo assim, permitir-me-ia apaga-las, cada uma delas, uma a uma... e elas deixariam de existir.

Estas são minhas roucas palavras, nunca ao menos pronunciadas por um sussurro, nunca assopradas ao vento nem nada.

Nelas escondo dúvidas e pensamentos, mentiras e descobertas, coisas minhas que talvez você nem queira ouvir. Motivo aparente de eu nunca as ter pronunciado.

Mas de uma coisa eu tenho certeza, de minha boca jamais irão se libertar, pois aqui encontra-se um leiga incapaz de o amado amar.

Eu sei estou sempre a recuar, proteger-me. Ponderando veredas e margens para que nada se complique, as vezes arrisco-me por uns instantes, quando doces palavras do teu nome permito-me afagar. Consigo senti-las, cada uma em minha boca, mas não são palavras que alimentam. Para isso são necessários outros ingredientes.

Quem sabe você poderia encontra-los em algum lugar deste coração acolhedor e me oferece-los, quem sabe? Eu não sei.

Por isso não sou capaz de te libertar, não poderia sobreviver viajando de amor em amor á procura de algo que não posso encontrar em mais nenhum lugar... Você poderia entender, mas não entende!

É o meu maior presente, o melhor, o qual nunca vou poder abrir.

Por isso não falo, mas também não deixo em mente.