"Degustar da Dor..."
Essa manhã acordei embebedada com um sentimento de culpa, que não sei explicar.
Sinto ainda o vento que corta meu rosto, como laminas justiceiras, vesti-me de luto, pois as cores não combinam com a escuridão do dia nem com a nuvem escura que paira no meu olhar.
Reconheço que minha especialidade é fazer sofrer, e não contente em causar dor também sofro. Sou meu próprio caos, sou a própria lagrima, sou o próprio desespero, sou os gemidos, sou o meu medo.
Lagrimas insistem em embaçar minha vista, e assim sem enxergar ao certo, me vejo cega. E em meio ao escuro que eu causei, só vozes me atormentam, as minhas e as dos outros, como espírito obcessor, minha consciência cobra atos que não foram feitos, e me repreendem pelos que fiz. Insisto ainda em permanecer de pé, mesmo com o insensato desejo de desfalecer, de entregar o meu ser ao nada, de deixar de lado o caminho percorrido e reservar-me a margem.
Hoje não me importaria o fim do mundo, ficarei presa nesse fundo de vida em que me encontro.
Hoje em meio à tontura da minha alma, calarei meus versos, cessarei o humor e qualquer outro sentimento, restou-me para degustar uma dose de tristeza, dor e lamento.