A primavera de 2009.

Ontem pensei em você, enquanto procurava uma coisa numa caixa velha escondida atrás do guarda-roupa e vi lá uma fotografia perdida no tempo. Por acaso, eu sei, mas pensei. Não como antes, desta vez foi diferente.

Aquela fotografia me levou a uns três novembros atrás. Enquanto a olhava no canto dos meus lábios veio um tímido sorriso e pensei: eu quis.

E quis mesmo, com toda a minha força, que tudo que imaginei existir naquele início de primavera de 2009 fosse real. Eu sabia que tudo não passava de pura imaginação.

Eu interpretei seus olhos da maneira que quis, a sua ansiedade aparente, bem como seu belo sorriso. Eram todos para mim...imaginados por mim. Onde houve qualquer coincidência eu fiz de tudo para ignorá-las. Eram quaisquer, não havia importância nelas. Importante, sim, era o destino, a força cósmica que unia aquelas duas almas gêmeas.

Como me parece cômico isso agora, porque lá no fundo eu sabia que tudo aquilo não passava apenas do que eu desejava ver. Pura imaginação. Nossa! nunca prestei atenção no quanto eu uso essa expressão: pura imaginação.

Mas o que eu sentia com tudo aquilo ao meu redor era tão bom que eu pensei se eu insistisse naquilo, que nem sei bem como definir o que era, se era amor, paixão, atração, se era o lugar, a atmosfera, enfim...eu pensei se persistisse aquilo se tornaria real.

Eu aspirava poder haver alguma verdade em tudo aquilo. Eu pensava " se fosse tudo isso verdade mesmo" e assim eu me apeguei àquele fiado de esperança e quando vi já estava envolto naquele fantástico mundo de Bob, e como eu detestava aquele desenho, bem como a confusão dos livros de Alice.

Eu acordava. me arrumava e ouvia aquelas músicas que tocavam no rádio na época pensando em você, me agarra aquela mais que pequena esperança e me sentia feliz, era a imaginação de tudo que nunca tive que se tornava real no momento em que te via apenas passar. Dá para imaginar isso? e toda aquela situação me deixava bem e feliz. Reconfortado de um jeito que nem sei como descrever.

Mas um desenho que a gente gosta, ou até mesmo não gosta acaba uma hora. O livro que você está lendo vai chegar no fim de sua história e acabar. E foi o que aconteceu, eu não podia viver daquilo pra sempre e resolvi me distância do mundo e das emoções que criei e vi que era tudo ridículo, não havia nada cabível naquilo que ainda não sei bem definir o que era, nem porque me meti. Talvez até saiba, mas isso é outra história.

Ali eu estava sentado na cama olhando aquela fotografia e percebi o quanto eu havia mudado. Aquele tempo me mudou, me marcou de verdade. Nossa quanta coisa em mim mudou quando eu voltei pra casa e deixei a "terra da garoa" (deixando a carta mais poética). Essa minha curta boa vida me mudou de um jeito estranho, porém de um jeito bom.Talvez eu tenha ficado mais cético quando ao amor, ou ao menos quanto as minhas fantasias. O menino sonhador ficou um pouco para trás, os lindos e tórridos romances se desenrolam melhor nos livros de Jane Austen, a vida real é mais complicada, mas não quer dizer que também não seja prazerosa.

Eu coloquei os pés no chão e hoje me vejo mais preparado para viver coisas que sejam mais real, não tão ilusória. Todos os problemas que tive, todas as indagações que com certeza ficaram sem respostas, tudo que perdi serviu para alguma coisa. Para me fazer crescer e mudar o rumo da história.

Mas o melhor de tudo é perceber isso e não ter raiva, amor, tristeza, alegria, remorso, vergonha. Não é não ter emoção nenhuma, é como se eu tivesse sentido uma brisa apenas por sentir.

É isso, perceber que está reconfortado de novo!

Eduardo Magalhães
Enviado por Eduardo Magalhães em 27/03/2012
Reeditado em 28/03/2012
Código do texto: T3579207