Pai; perfeição

Vi você repudiar as pessoas que não eram boas. Tive medo de lhe perder diversas vezes, em todas senti que estava morta também. Não consigo imaginar um dia acordar e saber que você já não existe, que todo o seu talento já não é presente, os seus livros ficaram velhos e suas fotos apagadas. Na minha vida haverá muitos príncipes e súditos, mas só você, só apenas você, será meu rei. O homem que quero como espelho em toda minha jornada, sinto que o amor que sinto é doentio. As pessoas nunca vão entender como ficarei sem você, talvez muitas possam ir ao meu enterro e lá eu não quero que esteja a minha foto, quero também que meu caixão esteja fechado, que coloquem sua foto lá emoldurada em qualquer parada, para que todos saibam qual foi o motivo da minha existência e talvez da minha morte e peço que o caixão esteja fechado, para que só lembrem de mim, pelas vezes que sorri, pelas frases feitas, pelo talento e até mesmo por minhas duras verdades, porque simplesmente fui e estou sendo o espelho do meu herói. Aquele homem que hoje tem o cabelo branco, a barba grande, os olhos pequenos, as mãos rusticas e o sorriso desbotado que quando se aparece ilumina todo o resto, o homem de pele clara e tons escuros, das verdades prontas, das cicatrizes do tempo, o homem que muito errou, mas que seus acertos tornam seus erros fracos, vulneráveis e sem testemunha. Não, ele não foi um santo e não é, mas é um homem com tantas qualidades que todos tiram o chapéu. Aquele me ensinou as consequências dos erros e a parte difícil das verdades. Não estou louca e até hoje sei não vou morrer agora, mas o tempo é curto e a noite pode não chegar e preciso deixar essas palavras com tanto carinho eternizadas.

Milena Miranda
Enviado por Milena Miranda em 24/03/2012
Reeditado em 23/04/2012
Código do texto: T3573264