Às máquinas

07 de Março de 2012

Vejo a vida passando em forma de centenas de informação em uma tela de computador. Nada realmente relevante. Vez ou outra uma se destaca, realça suas cores e seus brilhos através da película, ou melhor, dos cristais. Vejo as informações passarem uma a uma. Todas condescendem com aspectos da vida que não me importam, que não me dizem respeito. Tudo é alheio a mim. Ou sempre terá sido o inverso? Me interrogo em silêncio. Olhos nos olhos. A última tentativa frustrada de atualizar o mundo ao meu redor, já que minhas páginas parecem interrompidas e sem conexões com qualquer outra. Mas até mesmo a última segue o padrão da rede que não me atinge. Sou forçada a conviver com as vidas que não me pertencem e, como um viciado, me entrego às últimas que nunca chegam.

Dia desses, no entanto, foi diferente. Os dados pararam de passar a minha frente e começaram a me acompanhar em uma viagem que parece longa, já que dura alguns meses. Um a um os documentos vem sendo deletados e me pergunto se estamos apenas restaurando o sistema para uma nova conexão ou tudo não passa de um dano na placa mãe ou um vírus que tem me guiado para a lixeira? Não sei, não obtenho resposta já que nem mesmo eu tenho controle sobre o meu sistema ou banco de dados desatualizado.

Tenho caminhado para a lixeira. Sou uma máquina ultrapassada, um navegante ou navegador sem direito a f5 ou uma nova conexão. Não navego. Fui privada das novidades e agora excluo os cookies e temporários que um dia foram minha vida. Essa é uma mensagem em c:/ e me pergunto se alguém ainda será capaz de consertar algo que nunca funcionou muito bem, envio às máquinas que, talvez, sejam capazes de reiniciar meu sistema ou simplesmente reciclar minhas ideias.

Atenciosamente, criança da nova geração.