Uma carta falando de um texto meu, acerca de Hermann Hesse
Eliane querida,
Seu texto mostra bem o que esta obra de Hesse, que interage com seu personagem o tempo todo. Você diz muito bem quanto se refere à transcendência na arte: “Um sentimento de união com o todo, quando as fronteiras se diluem e não há separação entre eu e o outro.
Este é o novo paradigma que esta brotando na alma do novo homem: Não há fronteiras quando a totalidade do amor está presente em sua manifestação. Principalmente através da Arte. E como você me enche de esperança quando traz a arte para a psicanálise
.
A transdisciplinaridade é a pedagogia do futuro! Já há um grupo de pessoas, graças a Deus, trabalhando nessa direção. Conjecturar para além do conhecido não está mais despertando tantos olhares desconfiados. É importante enxergar além da visão freudiana.
“E a obra de arte tem uma função que podemos chamar de transcendência. Ou seja, a arte ao nos empurrar para fora do lugar comum ou banal, nos propicia experimentar uma sorte de espiritualidade, o religare.”
Pesquisando sobre Hermann Hesse, dei com estas suas palavras:
“Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo. Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma. Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave. Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo.”
Vai de encontro ao que você fala sobre O Lobo da Estepe: “O que Harry Haller chama de unidade múltipla e indivisível nele, e potencialmente, em todo ser humano, embora fosse raro encontrar pessoas que compreendessem a linguagem ou vivências do artista que ele era.”.
Seu texto deixa muito claro a relação autor+personagem+leitor como um. “E os que mais gostaram do livro foram os que menos compreenderam...”.
Nós que estamos vivendo novos tempos e chegamos a compreender O Lobo da Estepe, somos logicamente o próprio. Você conseguiu sintetizar uma obra que para muitos é complicadíssima! Elucida, para outros, sobre a interdependência do ser humano com seu mundo e o verdadeiro sentido da beleza na Arte. É por ai, amiga, o caminho não tem realmente volta...
Um abraço grande
Mariinha